James Franco é um nome curioso no cinema. Apesar de ser amplamente conhecido como um ator cômico de filmes escrachados (geralmente com algum envolvimento com maconha) ele anda constantemente se aventurando em roteiros, direções e atuações com filmes bem diferentes. No início desse ano ele dirigiu e protagonizou um longa de terror chamado “O Instituto” que até hoje é a crítica mais lida do Tarja durante esse ano, ao mesmo tempo que é um dos piores filmes que vi em 2017. Também temos sua atuação em O Artista do Desastre que está sendo bastante elogiada pela crítica. Agora temos sua participação em outro longa de terror.
Um grupo está assaltando um banco e aquilo que deveria ser só mais um trabalho acaba se tornando uma situação assustadora. O cofre em baixo do banco parece conter algum terrível segredo de caráter sobrenatural e em pouco tempo os assaltantes viram vítimas.
O mais interessante deste longa é que ele sai de um filme de assalto tenso para um filme de terror e suspense. Não é tão fácil encontrar filmes que mudam de temática de um ato para o outro, mas esse pode entrar para essa diminuta lista. Mas isso não significa que tal mudança o torna automaticamente excelente. É um toque interessante que dá um diferencial e originalidade, principalmente no conceito de um cofre com um mistério no meio de um assalto a banco.
O primeiro ato é bastante eficiente e logo prende a atenção. Entendemos que existem diversos segredos a serem revelados ao longo da trama, principalmente no que diz respeito aos assaltantes, que são os principais da história. O problema é que em nenhum momento realmente mergulhamos nestas figuras, o que torna difícil que nós, o público, passemos a nos importar com eles quando o perigo começa. Os reféns do assalto também têm seus momentos, mas o foco é na figura de James Franco, que também possui claramente um mistério, o problema é que ele fica óbvio no meio do filme. Na verdade este é um problema de The Vault. Um mistério que é praticamente todo resolvido na metade do segundo ato é uma ideia bastante broxante.
Dan Bush dirige e roteiriza o filme junto com Conal Byrne. Na sua função de diretor ele é bem sucedido, fazendo-nos esquecer em alguns momentos que o filme todo se passa em um lugar relativamente confinado. Juntos no roteiro eles são até bastante eficientes em criar o clima certo para a história que desejam contar. É bastante difícil não se ver preso até o filme realmente acabar, pois eles deixam uma constante sensação de mistério a ser revelado até o final.
Entretanto o roteiro dos dois possui várias pequenas falhas incômodas. Uma delas é a forma como os reféns do assalto se comportam. Muitos deles não parecem efetivamente assustados ou temem por suas vidas. Outras atitudes que os assaltantes têm ao longo da história também são bastante incongruentes e, por vezes, nem se parece com um assalto real. A solução, além de apressada, é bem óbvia para quem está mais acostumado a ver filmes do gênero.
Os atores são eficientes, mas precisariam ser um pouco melhores para carregar o filme inteiro. Principalmente numa história com emoções muito intensas e onde os protagonistas estão numa posição moralmente errada e, por vezes, até vilanesca. O engraçado é que o roteiro é cheio de boas ideias e executa essas ideias na maioria das vezes, mas as suas falhas pesam de mais numa história que estava sendo tão bem amarrada. Quando se faz uma história que se passa praticamente toda em um dia cada defeito conta, pois não existe a desculpa do espaço de tempo para explicar algumas incongruências.
A lista de filmes cheios de potencial ganha mais um membro. Diferentes de outros desta lista, esse não chega a ser um desastre e nem mesmo um filme ruim. Acho que a melhor forma de defini-lo é sem graça e até mesmo previsível. Para os fãs do gênero que assistem tudo que gira em torno desta temática pode ser um entretenimento agradável, porém não amplamente satisfatório.