Jack Kirby é um nome tão poderoso no mundo de quadrinhos de super heróis que existem alguns desenhistas que se consideram kirbyanos, ou seja, pautam o estilo de narrativa visual do homem que ajudou a fundar o universo Marvel como conhecemos hoje e parte do panteão cósmico da DC. Toda a mitologia do Quarto Mundo saiu diretamente da cabeça de Kirby e se provou um dos alicerces da DC como conceito, e não é a toa que tais conceitos são revisitados incessantemente até hoje por outros autores. Odisseia Cósmica é mais uma dessas histórias que brinca com as ideias do Quarto Mundo e é desenhado pelo maior kirbyano de todos.
Diante de uma ameaça que pode representar o fim da vida do universo, e da vida como conceito, Darkseid e Pai Celestial se juntam para tentar impedir esse cataclisma. Seus peões acabam sendo alguns heróis da Terra, que são escolhidos a dedo para partir numa jornada por diversos planetas com o intuito de deter essa ameaça. Uma corrida contra o tempo que leva o universo DC ao seu limite.
Para quem tem atenção aos nomes de autores e desenhistas das HQ’s essa é a história que salta aos olhos de qualquer leitor. Roteiro de Jim Starlin e arte de Mike Mignola. Para aqueles que não são tão atentos vamos a uma rápida recapitulação do porquê de serem nomes de peso. Jim é responsável por alçar Thanos como um dos grandes vilões da Marvel e criar a saga que leva as joias do infinito como ponto de conflito cósmico. Continuando nessa pegada ele é responsável pela Morte do Capitão Marvel. Ainda por cima criou o personagem Dreadstar. Como se matar o Capitão Marvel não fosse o suficiente, ele também roteirizou a famosa história que matou o segundo Robin (Morte em Família). Mignola por sua vez é o criador de Hellboy e todo o universo que o cerca, além de trabalhos esporádicos para a DC e para a Marvel. É justamente ele que tem o seu traço extremamente influenciado por Kirby a ponto de se auto-intitular kirbyano.
Se até esse momento você não ficou curioso por esse título então eu não sei mais o que fazer para atiçar a sua curiosidade. Mas ainda posso falar algumas coisas interessantes sobre Odisseia Cósmica. É bastante difícil criar boas aventuras de caráter cósmico sem perder a mão e tornar tudo tão grande e épico, que acaba fazendo parecer que nada é realmente importante. Quando você tem uma narrativa onde planetas explodem o tempo todo e viajar entre as dimensões é fácil, é difícil dar o devido peso às coisas. Mas estamos falando de Starlin e ele é um mestre completo nisso. Cada aventura e missão que os heróis realizam tem seu devido peso, importância para a trama e fazem total sentido com o contexto geral. Entretanto vários dos conceitos são bastante abstratos e necessita da imaginação do leitor para interpretar algumas coisas que são ditas ao longo da história.
A arte de Mignola está absurda. Não existe um quadro que esteja ruim nestas páginas. Os personagens têm expressões vivas e bastante intensas, os monstros parecem todos bastante mortais e temos a verdadeira sensação de que os heróis realmente estão indo em diferentes planetas e interagindo com diferentes tipos de alienígenas. É muito incrível ver um kirbyano tendo a chance de desenhar tudo que o próprio Kirby criou e estabeleceu como conceitos visuais. Mignola está se esforçando ao máximo e cria verdadeiros quadros que nem te dão vontade de virar a página de tão belos.
Odisseia Cósmica por muitas vezes é colocada como uma das maiores histórias da Liga da Justiça, o que de certa forma é verdade, apesar de em nenhum momento da trama o grupo de heróis se intitularem como Liga da Justiça. A ideia é mais que eles foram reunidos em cima da hora por uma força maior do que eles e não uma missão oficial do grupo ou qualquer coisa do gênero. Independente disso essa pode ser chamada de “uma história da Liga”, afinal o grupo tem tantas formações aleatórias que não é nada absurdo chamar os heróis reunidos aqui de Liga.
Apesar de épica essa é uma história que vai direto ao ponto e não cai no erro de gerar diversos subnúcleos e subplots. Todos os heróis são bem utilizados e Jim merece palmas por ter feito uso do Batman numa aventura espacial de forma super consciente, algo que diversos roteiristas falham. Também temos consequências diretas para a psique de alguns personagens com conflitos que raramente são abordados em histórias de super heróis. Uma HQ marcante e que merece seu espaço nas melhores sagas da DC.
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Odisseia Cósmica
Nota