Segunda chance e Deadpool são palavras que combinam perfeitamente. Meio que referenciando seu próprio fator de cura, pode-se dizer que o anti-herói sempre conseguiu renascer tal qual uma fênix que renasce das cinzas mais fortalecida. Criado pela dupla Rob Liefeld e Fabian Nicieza na década de 90, ele já foi vilão do Wolverine e de outras equipes mutantes. Evoluiu e se tornou o personagem que todos conhecemos hoje em dia. Sua popularidade é tão grande que a Marvel aproveitou para torná-lo um Vingador em uma das várias formações do grupo. Nos cinemas, também não foi diferente já que ganhou uma sobrevida após uma primeira participação lamentável no primeiro filme do Wolverine.
Esse breve retrospecto é para lembrar que, em breve, ele retornará aos cinemas em uma sequência que promete não só superar seu primeiro filme como criar uma espécie de universo compartilhado próprio. Por causa disso, é oportuno analisar a trajetória que levou o mercenário tagarela ao merecido sucesso. Quando o público conheceu sua versão live action, ele era apenas Wade Wilson, um homem habilidoso com espadas do grupo liderado por William Stryker (Danny Huston) que se caracterizava pelo senso de humor único. Claro que o aspecto mais marcante desta participação especial era o fato do mesmo ter se tornado vítima de um plot twist que matou de vez o X-Men: Origens – Wolverine.
Alguns anos depois isso mudou após um trabalho em conjunto do ator Ryan Reynolds e do cineasta Tim Miller. Engajados em produzir uma adaptação fiel, eles uniram forças pra criar uma prévia de como seria um verdadeiro filme do Deadpool. Curiosamente, este vídeo teste foi “vazado” na internet em 2014. Se foi intencionalmente, o que é mais provável, não há como saber. Certeza mesmo é que isso ajudou a fazer com que o público aumentasse suas revindicações para que o sonho se tornasse realidade. O “fim” desta história todos já sabemos. Mesmo assim, não custa nada relembrar desta cena que posteriormente foi incluída em Deadpol mas com algumas alterações.
Mesmo assim, vale fazer alguns destaques como, por exemplo, o marketing diferenciado da Fox. Além de aumentar o hype, essas divulgações eram marcadas pelo humor “zoeiro” do protagonista que conquistou o público de modo abrangente. Este detalhe em especifico chamou atenção por causa do tom utilizado neste marketing. Seja através de referências variadas ou brincadeiras metalinguísticas, era impossível ver qualquer material publicitário e não ficar com vontade de ver o filme. Inclusive, o mesmo vem se repetindo na divulgação da sequência. Aqui no Brasil, por exemplo, um “carro da pamonha” circulou pelas ruas de São Paulo espalhando a palavra do anti-herói da Fox. Uma ação inusitada, criativa e diferenciada.
Por último, há que se fazer um comentário a parte sobre um elemento importante: Ryan Reynolds. Senão fosse pelo ator e seu amor pelo personagem, dificilmente estaríamos aqui ansiosos por Deadpool 2. Em sua carreira, as comédias estão sempre em maior quantidade independente de estilo ou qualidade de roteiro. Talvez seja por conta deste mesmo detalhe que todas as suas experiências em adaptações de quadrinhos seguem este caminho nem sempre agradável para o público. Blade: Trinity (2004), Lanterna Verde (2011) e R.I.P.D. – Agentes do Além (2013) estão nesta lista de tentativas e fracassos. Nesse sentido, dizer que Deadpool foi a grande oportunidade dele de mostrar todo seu potencial cômico é a mais pura verdade.
Deadpool 2 tem tudo para valorizar ainda mais a segunda chance que o personagem ganhou nos cinemas. Não só isso como também comprovar mais ainda que há espaço garantido para adaptações de quadrinhos com um conteúdo diferenciado. Vida longa ao mercenário tagarela da Marvel!
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Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast