[authorbox authorid=”5″ title=”Crítica por:”]
Donald Ray Pollock é um escritor que publicou seu primeiro livro, um compilado de contos, em 2008 e desde então vem crescendo como um grande nome da literatura americana. Sua grande novela The Devil All the Time, que chegou ao público em 2011, o levou ao estrelato e é justamente a base para esse filme original da Netflix. Uma curiosidade interessante é que o próprio autor faz o papel de narrador ao longo de todo o filme.
A história de O Diabo de Cada Dia comporta diversas linhas narrativas que se conectam em diferentes períodos do tempo. Nós começamos vendo eventos na década de 50 e que se estende até os anos 60 com os descendentes dos mesmos personagens. Apesar de ser um drama denso ele tem muitos tons de uma história de terror, não só pelos seus temas, mas pela própria direção de Antonio Campos. A violência é presente a todo momento e em algumas cenas é até bastante gráficas. Em dado ponto o clima é bastante parecido com outro filme original da Netflix, 1922 que é uma adaptação de uma obra de Stephen King.
O tema dessa narrativa é sobre a possibilidade destrutiva da religião e a hipocrisia daqueles que dizem ser seus devotos. A figura masculina é o que move a trama, explorando muito a masculinidade agressiva, autodestrutiva e que acaba destruindo a vida tanto das mulheres quanto dos próprios homens. Justamente por isso a produção foca em um elenco masculino de muito peso.
Tom Holland é o mais próximo que temos de um protagonista apesar de ser difícil definir isso nesse roteiro que vai e volta no tempo a todo o momento. Sebastian Stan, Jason Clarke, Bill Skarsgård e Robert Pattinson também têm suas participações bastante relevantes para a trama. Pattinson faz um personagem bastante caricato e sua atuação é consistente, apesar de fazer uso de uma voz muito característica que pode acabar distraindo em suas cenas. Supostamente ele é construído para ser caricato, mas em dados momentos destoa do resto do tom do filme, apesar de sua persona ser o centro de um dos principais temas dessa história.
É impressionante como essa adaptação consegue realmente passar a sensação de que você está lendo um livro e não só pela narração do próprio autor. A viagem entre passado e presente e as diferentes linhas de histórias ajudam nessa sensação de estar lendo uma novela que conta a saga de uma pequena cidade. A coincidência é um recurso muito usado e em dado momento até proposital e é preciso aceitar isso para abraçar alguns momentos da trama.
Esse é um longa para pessoas que gostam de histórias densas, pesadas e que lembram alguns romances de King, Joe Dicker e os melhores filmes do David Fincher. A maioria dos atores estão fazendo um ótimo trabalho e a direção e fotografia conseguem criar o clima necessário para fazer com que você mergulhe nessa história sobre ciclos de violência e um destino sombrio que atravessa gerações. Fiquei curioso para conferir mais obras originais do autor Donald Ray Pollock.
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