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Spoilers: Esse texto contém spoilers de alguns episódios de Ricky & Morty, Doctor Who (Era Clássica e Moderna) e Crise nas Infinitas Terras
Se por um acaso existisse um livro com o registro de cada fase da cultura pop o capítulo atual certamente receberia o nome de multiverso. O motivo é simples e, felizmente (ou não), está relacionado ao fato das realidades alternativas de Marvel e DC terem sido adaptadas em diferentes mídias. Para alguns fãs foi algo ousado, apesar de tudo o que tiveram que relevar. Para outros, atualmente é sinônimo de empolgação em relação a um futuro cada vez mais próximo. Por esse motivo, enquanto aguardamos que outros capítulos sejam escritos, fica aqui o convite para relembrar um passado não tão distante das adaptações do multiverso em suas mais variadas formas.
Antes de começar a trilhar um caminho que se expande em diferentes direções vale fazer aqui alguns comentários. Um deles é que o conceito de multiverso já foi trabalhado várias vezes em filmes, séries e animações. Não só isso como há também o fato de que muitas dessas produções utilizaram termos diferentes para se referir à mesma ideia como é o caso das grandes editoras de super-heróis. Independente desse detalhe vale destacar outro aspecto interessante que é o uso de tramas em que um universo está em perigo enquanto o outro ainda tem chances de sobrevivência. Esse é o caso de algumas histórias em que vemos como esse tipo de problema é resolvido através de alianças inusitadas, o que nos leva aos populares crossovers.
No âmbito das animações temos para a surpresa de 0 nerds uma multiplicidade de exemplos. Para fazer um primeiro e merecido destaque fica a citação de Rick & Morty, uma série popular e que provavelmente está no topo quando o assunto é extrapolar o conceito de multiverso. Logo na primeira temporada um dos protagonistas descobre como uma simples gripe e uma poção do amor pode ferrar com toda uma realidade além de descobrir que existe um conselho formado por “Ricks” e “Mortys” de outras realidades. Inclusive é muito provável que a série The Flash tenha copiado e adaptado essa ideia no episódio em que vemos o “conselho dos Wells”.
Em Liga da Justiça: Sem Limites vimos um crossover entre os heróis e suas contrapartes malignas de uma Terra Paralela: os Lordes da Justiça. Com uma trama de grande importância que teve repercussões ao longo das últimas temporadas a animação fez um “two-parter”, um episódio dividido em duas partes com o nome de “Um Mundo Melhor” tendo sido exibido pela primeira vez em 2003. Ressaltar o ano é importante já que em 2010 foi lançado Liga da Justiça: Crise em Duas Terras, uma animação que adaptou um confronto entre a liga e os vilões do Sindicato do Crime. Destaques para a versão heroica de Lex Luthor além do embate entre Batman e Coruja com direito à referência filosófica. Crossovers com versões malignas a parte não podemos esquecer de outras animações que adaptaram universos paralelos da DC como vimos em Liga da Justiça: Deuses e Monstros (2015).
No ano de 2018 foi a vez de Homem-Aranha no Aranhaverso entrar para a história de forma marcante. Protagonizado por Miles Morales, o longa trouxe o jovem herói ao lado de várias versões do amigão da vizinhança vindas de dimensões paralelas. Por vários motivos, o sucesso dessa empreitada foi tão grande que não demorou muito para vir o reconhecimento com o Oscar de Melhor Animação, entre outros prêmios como Globo de Ouro e o Bafta. Por conta disso, os fãs esperam ansiosamente a continuação com mais versões do cabeça de teia além do aguardado encontro entre versões cinematográficas do herói em Homem-Aranha: Sem Volta pra Casa. Nesse sentido vale relembrar esse artigo em que mostro que essa não foi a primeira vez que o Aranha esteve inserido em tramas com o multiverso.
Saindo um pouco do multiverso animado das editoras americanas temos o momento em que essa ideia foi utilizada em um anime. Com 131 episódios, Dragon Ball Super mostrou não só a revelação de múltiplos universos em DB como também a criação de um torneio para ver qual desses possui os melhores lutadores. O resultado como todos vimos foi uma das fases mais comentadas e populares das histórias protagonizadas por Goku e seus amigos. Curiosamente essa não foi a primeira vez que os personagens criados por Akira Toryama estiveram em tramas que são mais comuns no gênero de ficção cientifica. Na fase conhecida como Dragon Ball Z a ideia de viagem no tempo foi desenvolvida na Saga Cell com a apresentação da versão mais velha de Trunks.
Agora quando o assunto é viagem no tempo não podemos esquecer de uma longeva série que já trabalhou com esse tema em diferentes momentos de sua história: Doctor Who. No arco da Era Clássica conhecido como “Inferno” o 3º Doctor (Jon Pertwee) conserta parcialmente sua TARDIS, mas um acidente o leva para um universo paralelo que mais parece a distopia de “1984”, de George Orwell. Nessa trama ele acaba lidando com um problema envolvendo a perfuração da crosta terrestre e a ameaça de um líquido oleoso verde que no contato transforma os humanos em criaturas primitivas sedentas por calor. Infelizmente as coisas não terminam bem nesse universo, mas, apesar de tudo, ele retorna ao seu universo habitual e consegue salvá-lo evitando que a história se repita.
Já na Era Moderna nos episódios “Rise of the Cybermen” e “The Age of Steel” o 10º Doutor (David Tennant), Rose Tyler (Billie Piper) e Mickey Smith (Noel Clarke) chegam por acidente em um universo paralelo em que o pai de Rose está vivo e a versão alternativa de Mickey se chama Rickey. Nesse universo um dos inimigos mais antigos e mortais do Senhor do Tempo está prestes a renascer: os Cybermen. Com a missão de transformar toda a humanidade em ciborgues os vilões seguem determinados com o plano de prender todos que forem aptos para o seu programa de atualização. No entanto, o Doutor e seus amigos conseguem salvar a todos apesar de todas as perdas no meio do caminho.
Voltando para o universo DC e suas séries em live action temos a adaptação de Crise nas Infinitas Terras. Após vários crossovers, algo já comentado nessa coluna em outro artigo, o Arrowverse fez seu projeto mais ousado ao unir versões alternativas de basicamente quase todas as produções que adaptaram histórias da editora na tv. Apesar de não ter tido um resultado exatamente perfeito o projeto marcou justamente pelas participações especiais e referências muito bem colocadas. Não é toa que nos cinemas existe a expectativa de que o filme solo do Flash supere isso ao adaptar Flashpoint.
Na concorrência atualmente a expectativa é que o conceito de multiverso seja cada vez mais explorado com ousadia. Com o recente encerramento da primeira temporada de What If vimos como foi interessante explorar ideias bem curiosas apesar do conjunto da obra não ter sido tão marcante como era esperado. Antes disso, Wandavision e principalmente Loki fizeram sua parte com tramas que expandiram alguns pontos do multiverso Marvel nos cinemas. No entanto a estrada é longa até visualizarmos o quadro completo que, por enquanto, só está sendo “preenchido” com teorias sobre o que podemos esperar do terceiro filme do Homem-Aranha e de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
Enfim, após resgatar tantas lembranças e curiosidades encerro esse artigo com algumas certezas sobre o tema do momento. Uma delas é que esse recurso sempre será utilizado de alguma forma na cultura pop mesmo que se apresente com um nome diferente (Terras, Universos, Dimensões, Realidades) seguido de palavras como alternativos ou paralelos. A outra é que as possibilidades criativas são tão diversas que merecem ser consideradas…infinitas.
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