O Cavaleiro da Lua sempre foi um personagem um tanto incompreendido pela maioria dos fãs de quadrinhos. A maioria das pessoas não leu suas histórias, mas, como quase tudo na internet, as pessoas têm uma opinião pré-concebida sobre ele mesmo assim. Ele foi definido por muitos como uma cópia da Marvel do Batman, e constantemente sendo descrito como psicótico e violento. Isso até pode ser verdade em dados momentos, mas é uma parte pequena da verdade.
O personagem surgiu na revista Werewolf by Night, que trazia um lobisomem como protagonista e o Cavaleiro da Lua um vilão que iria caçá-lo. Ele fez sucesso e acabou ganhando suas próprias revistas. Como era um ilustre desconhecido no universo Marvel os roteiristas e desenhistas podiam ser um pouco mais ousados com ele, contando que ele não atrairia muita atenção dos editores que poderiam reclamar das histórias que tentavam fugir do padrão dos super-heróis no final dos anos 70 e início dos 80.
O que fez o personagem brilhar e torná-lo único foi abraçar a ideia de que ele possuía três personalidades e a associação com a mitologia egípcia. Desde então ele tem tido sorte em sempre acabar nas mãos de roteiristas talentosos como Brian Michael Bendis, Jeff Lemire e Warren Ellis. Cavaleiro da Lua tem uma mitologia própria e bem rica, com um bom volume de histórias o que o torna perfeito para qualquer tipo de adaptação para além dos quadrinhos.
Foram feitas algumas críticas sobre o primeiro episódio, por ele ser “engraçado demais” para um personagem supostamente sombrio e soturno. Entretanto, sempre houve um certo humor nas histórias originais, proveniente das diferentes personalidades que muitas vezes não concordavam entre si. Porém, é possível entender aqueles que não gostaram o tom de humor tão marcado na atuação de Oscar Isaac.
Mas vale perceber que em termos de fotografia e paleta de cores essa série é bem mais escura e sóbria do que outras produções da Marvel. Em algumas cenas temos até um flerte genuíno com o gênero de terror, e alguns designs de personagens realmente não tentam disfarçar o quanto podem ser assustadores. No quesito ação temos uma melhora considerável no segundo episódio e finalmente vemos o herói em todo o seu esplendor.
Por mais que alguns reclamem da atuação cômica de Oscar Isaac, é inegável que ele vende muito bem a ideia de diferentes personalidades, aonde realmente vemos a mudança em sua atuação. Em termos de roteiro está havendo uma aposta grande no mistério que nos levará de um episódio para o outro, apesar de que no segundo episódio temos uma boa noção do panorama geral que está guiando os personagens na trama. Os efeitos especiais são medianos. Em dados momentos eles parecem muito artificiais, mas existe uma estilização no formato das figuras mitológicas que facilita a aceitação visual.
Esses dois primeiros episódios são um começo morno, mas que gradativamente está esquentando com o passar do tempo. O segundo episódio vem para mostrar que serão abraçados os conceitos mais malucos e curiosos dos quadrinhos e que a mitologia egípcia será o grande elemento central. Já temos algumas amostras de violência e temática, que mostram que a série realmente pode ser um pouco mais soturna diante de outras produções da Marvel. E para aqueles que gostam de aventuras sobrenaturais pode ser um prato cheio.