A mitologia nórdica tem tantos elementos fantásticos e intrigantes que já serviu de base para diversas produções se inspirarem livremente em sua narrativa, chegando a transformar divindades em super-heróis como o Thor da Marvel. Porém, O Homem do Norte não apenas se baseia nos mitos nórdicos como se sustenta graças a eles, trazendo à tona a riqueza da atmosfera Viking e toda a sua brutalidade.
No filme, acompanhamos a trajetória do príncipe Amleth (Alexander Skarsgård) que ainda criança viu o pai, o rei Aurvandil (Ethan Hawke), ser assassinado de forma covarde. Jurando voltar para se vingar e resgatar sua mãe, a rainha Gudrún (Nicole Kidman), o garoto foge e cresce com um bando de saqueadores. Anos depois, Amleth encontra a oportunidade para cumprir sua promessa de vingança, nem que para isso tenha que perder sua sanidade.
A inspiração para a trama de O Homem do Norte é a figura mitológica de Amleth, cujo primeiro registro escrito data do século XIII. Acredita-se que esse mesmo personagem mítico tenha inspirado outro grande clássico da literatura devido às semelhanças: Hamlet, de William Shakespeare. E, de fato, podemos traçar diversos paralelos entre as obras, pois todas levam seus protagonistas às últimas consequências para conseguirem atingir seus objetivos e, assim, ficarem em paz consigo mesmos.
O diretor Robert Eggers (de A Bruxa e O Farol) se atentou para criar uma ambientação sombria para o longa, flertando com o terror em alguns momentos. Contudo, o destaque vai para a cultura Viking presente a todo instante, desde a trilha sonora marcante em cada cena, passando pelas crenças em divindades como Odin e Freya até os rituais mais sinistros e obscuros. O roteiro propositalmente nos faz questionar se o que estamos vendo realmente é obra de seres sobrenaturais ou se é apenas um delírio causado pela mente debilitada do protagonista.
Apesar da forma como é vendida nos trailers, a produção não se destina a ser um filme de ação, apesar da violência e brutalidade viscerais presentes na tela. O fator psicológico e seu caráter perturbador são mais evidentes, ainda que o script se valha de alguns clichês e conveniências para que determinadas coisas aconteçam como devem. E mesmo sem muitas cenas de batalhas grandiosas, as que são exibidas são suficientes para mostrar a crueza das lutas.
O elenco feminino se destaca na atuação, primeiro com Nicole Kidman interpretando uma mulher disposta a tudo pela família. Por mais que algumas coisas a respeito da personagem tenham sido previsíveis, ela torna a situação única exclusivamente pela sua performance. A outra atriz que chama a atenção é Anya Taylor-Joy (Fragmentado e O Gambito da Rainha) como Olga. Ela se entrega ao papel como sempre faz em qualquer produção da qual participe.
O Homem do Norte é uma celebração da cultura nórdica e de toda sua variedade de mitos, desde os mais fascinantes e inspiradores até os mais perturbadores e sombrios. Sem dúvida, uma produção que sabe imergir seus espectadores em uma atmosfera habitada por deuses e reis e cercada pela morte.
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O Homem do Norte
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