Após os eventos da saga Noites De Trevas: Death Metal a linha editorial a DC sofreu algumas mudanças. A cronologia das revistas mensais regulares não se alterou, mas o multiverso ao redor delas sim. A partir dessa saga o Multiverso da DC sofreu um reboot, apesar do “universo principal” seguir inalterado. Justamente por isso uma série de novos títulos surge para explorar esse novo multiverso que recomeça do zero. A editora Panini trás para o Brasil o encadernado que compila a minissérie de seis edições CRIME SYNDICATE. A Terra 3 sempre foi, na mitologia da DC, uma realidade invertida, onde os heróis que conhecemos são vilões e os vilões são heróis. Portanto ao invés de termos uma Liga da Justiça, nós temos um Sindicato do Crime.
A proposta dessa minissérie é contar a história de como o Sindicato se reúne pela primeira vez, numa espécie de versão invertida de uma história de origem da Liga. O roteirista é Andy Schmidt e a arte fica por conta de Kieran Mckeown. Nesse projeto nenhum dos dois faz algo brilhante, mas de modo geral a trama e a arte são competentes.
O problema de contar uma história desse tipo (super-heróis que na verdade são vilões ou indivíduos altamente questionáveis) é que se você parar para pensar é uma ideia bem batida atualmente. Desde Watchmen nós vemos tendo inúmeras interpretações pessimistas dos super-heróis e de todo esse arquétipo. Temos a série The Boys que é basicamente a mesma coisa que essa HQ. Temos inúmeras versões malignas do Superman por ai, até mesmo na própria DC.
Apesar do conceito a Terra 3 ser altamente clássico dentro da mitologia DC, atualmente ele acaba sendo só mais uma de várias histórias que tratam da temática “super-heróis do mal”. E esse é justamente o problema dessa minissérie, ela acaba sendo só mais uma história desse tipo. Mas apesar disso ela não chega a ser ruim de maneira nenhuma, só é mediana. Temos boas cenas de ação de lutas de super seres, como é de praxe nesse tipo de trama. Existem bons conceitos a serem explorados, como essa nova versão maligna do Lanterna Verde por exemplo, além de ver os conhecidos vilões nesses papeis transformados de pessoas boas.
Apesar de ser uma minissérie, o quadrinho tem uma cara de revista mensal, e até poderia ser uma boa ideia, pois claramente existem algumas coisas no roteiro que são corridas para caberem nas seis edições. Se esse fosse um título mensal haveria mais tempo para desenvolver algumas boas ideias que aparecem aqui. Outra coisa interessante é que no final de cada edição temos uma curta história que aprofunda mais na origem dos personagens, e os desenhos são de autoria de Bryan Hitch, que fez trabalhos icônicos como Authority e Supremos (curiosamente duas histórias com conceitos bem similares ao que vemos em Sindicato do Crime).
Nos EUA esses mesmos personagens já fizeram parte de um crossover chamado War of Earth 3, onde também temos a participação do Esquadrão Suicida, Titãs e Flash, todos do universo regular. Em algum momento essa história chegará ao Brasil. Acredito que esse encadernado só será interessante para aqueles que já são bem familiarizados com o universo DC, especialmente com histórias da Liga da Justiça, pois grande parte da graça é ver algo que você já conhece sendo distorcido e alterado para esse “mundo do contra”. Ou seja, Sindicato do crime é uma minissérie para os já iniciados e altamente interessados em todas as facetas do multiverso DC, ou que estão acompanhando as revistas que citei e irão fazer parte desse crossover.
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Sindicato do Crime
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