Tive meu primeiro contato com a Trilogia Absolutos em 2018 e, desde o volume I, virei fã da saga e aquele leitor chato que ficava cobrando as continuações para o quanto antes. Depois de seis anos de espera, tive o privilégio de ser o leitor final de Absolutos: Ecos da Criação antes do lançamento oficial. E é com um sentimento de realização que posso afirmar que a finalização da obra de Rodolfo Salles teve a melhor conclusão possível dentro da trama minuciosamente construída.
Encontramos os personagens principais espalhados por Eidola, cada um com sua missão particular: Érico continua a busca pelas Presenças dos Absolutos antecessores para recuperar todo o seu poder, enquanto é atraído por Fatális, uma entidade que parece conter todas as respostas sobre a origem dos Absolutos. Ao mesmo tempo, Nova Majoris inicia uma guerra implacável pelo domínio dos Quadrantes, obrigando Camilo a se posicionar no meio de antigos desafetos. Infiltrada na força majoriana, Vexel está consumida pelo luto e cega pela vingança. Por fim, Darwin decide dar outro rumo à sua vida e se junta a uma organização que age pelos interesses dos Desbravadores. Divididos entre o Destino e a Escolha, os caminhos de todos convergem para o Oríginem, o mundo primordial que guarda os segredos da Criação, onde a Escolha definitiva deverá ser feita.
“— Desapegar do passado não significa desistir dos que ficaram para trás. Quer dizer que devemos nos manter abertos para as possibilidades do futuro.”
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Apesar de ser o desfecho da saga, Absolutos: Ecos da Criação expande ainda mais os conceitos e o universo construído por Rodolfo, estabelecendo a base para todos os mundos fantásticos que foram ou ainda serão criados pelo autor. A mecânica complexa de como tudo funciona é explicada de forma simples com a adição de novas figuras de grande importância: a primeira delas é Fátalis, um ser misterioso detentor de conhecimentos anteriores ao surgimento da galáxia; a segunda é a carismática e enigmática Leizorn que me conquistou logo de cara alternando entre momentos de sensibilidade e austeridade de acordo com as circunstâncias.
Já o desenvolvimento dos personagens é feito de maneira calma, sem dar margem para pontas soltas ou incoerências dentro da narrativa. Dentro dos diversos núcleos, eles rumam em direção à resolução de seus arcos pessoais e respondem as dúvidas levantadas no primeiro e no segundo livro sobre quais caminhos cada um escolheria seguir, seja para o bem ou para o mal. E graças à atmosfera de tensão ao longo da leitura, existe um senso de perigo constante que me fez temer pelo final daqueles com quem mais simpatizava e desejar um Destino trágico para aqueles que odiava.
Falando nessa diferença entre o bem e o mal, isso é algo que o autor trabalhou durante a trilogia inteira de modo a provocar uma reflexão em quem está lendo. Tirando algumas figuras pontuais que estão ali exclusivamente para serem más, a distinção entre o que é certo e errado se torna uma coisa difícil. Por mais que a tendência natural das pessoas seja separar os mocinhos dos vilões, em Ecos da Criação vemos que os dois lados, apesar dos muitos defeitos, também lutam por causas legítimas e até mesmo nobres. Pensar sobre isso, gera um dilema que ultrapassa a ficção e chega até nós leitores na nossa realidade.
“De que vale a justiça quando se perde a capacidade de discernir?”
Outro ponto que achei curioso foi como alguns papéis se inverteram desde o volume I até aqui. Personagens de quem eu gostava no início se tornam desagradáveis dentro de suas obsessões, já aqueles por quem não tinha simpatia ganham outros contornos ao mostrarem seu verdadeiro caráter. Contudo, o que move todos eles é o embate entre o Destino e a Escolha, os quais escondem significados ainda maiores dentro do funcionamento do universo. Nessa disputa de forças antagônicas, todos – especialmente Érico – batalham para ter a certeza de que possuem livre-arbítrio.
Após uma longa e trágica jornada, finalmente as respostas tão aguardadas surgem e tudo se conecta. A verdade por trás dos Absolutos e da Criação como um todo é algo impactante e difícil de ser previsto. Em todos os cenários que imaginei, não havia pensado na possibilidade que a trama apresenta e isso me deixa muito satisfeito, pois o resultado é melhor que o esperado e faz todo o sentido depois de tudo pelo que Érico e seus companheiros passaram.
“Verdades precisam ser ditas para que possamos amadurecer.”
Ao fim de Ecos da Criação, a Trilogia Absolutos vai deixar saudades. Porém é gratificante ver que a obra que acompanho há tanto tempo enfim teve uma conclusão e que esta superou minhas expectativas. Agora fica o desejo de algum dia poder rever esses personagens em outros trabalhos de Rodolfo Salles dentro desse ambiente fantástico (em todos os sentidos) que tanto valoriza a literatura nacional, em especial a Fantasia.
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Conheça os volumes anteriores da Trilogia Absolutos:
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