Stephen King é conhecido merecidamente como o mestre do terror. Mas ele também poderia receber o título de mestre do drama sem problema algum. Isso porque o autor consegue captar e transmitir as emoções humanas de maneira sensível e reflexiva. Um dos melhores exemplos que comprovam sua versatilidade é À Espera de Um Milagre, que já foi adaptado para o cinema. Outra obra nessa mesma linha está prestes a chegar às telonas protagonizada por Tom Hiddleston e dirigida por Mike Flanagan: A Vida de Chuck, um dos contos presentes no livro Com Sangue.
Dividido em três atos, o conto nos apresenta fases distintas da vida de Charles Krantz, conhecido pelos mais íntimos como Chuck. Ele é apenas um homem comum com um trabalho modesto, mas aprende desde cedo a conviver com suas perdas e conquistas pessoais.
O primeiro detalhe a chamar atenção em A Vida de Chuck é sua estrutura não linear, indo do fim para o começo. No ato III, que na verdade é o primeiro, encontramos Chuck aos 39 anos em um futuro com a atmosfera distópica de uma ficção científica. No segundo, vemos um episódio significativo na trajetória dele alguns anos antes, como se fosse um número musical. Por último, no ato I, acompanhamos sua infância sendo criado pelos avós em uma casa acolhedora, mas que esconde um mistério inexplicável.
Mesmo transitando por gêneros distintos dentro da narrativa, tudo gira em torno de uma pessoa normal que precisa lidar com problemas corriqueiros como a morte. Ainda assim, Chuck opta por seguir adiante, levando consigo as experiências que adquiriu. Em outras palavras, o conto faz uma celebração à vida, porém sem recorrer a clichês e frases motivacionais vazias.
Como não podia ser diferente, King acrescenta um elemento sobrenatural à história. Nesse momento, há um flerte com o terror que não chega a se revelar de forma assustadora, contudo serve para conectar os três atos e dar outro significado não apenas à ordem inversa dos acontecimentos narrados, mas também à maneira como o protagonista encara seu futuro.
A Vida de Chuck é mais um ótimo exemplo de como Stephen King é hábil ao tratar as sutilezas da vida humana e nos comover. Através de um relato criativo e original, ele nos mostra que até mesmo um homem comum, sem nenhum feito extraordinário, pode viver do melhor jeito possível.
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