Tijolômetro – O Último Episódio (2025)

Quem viveu sua infância durante os anos 80 e 90 com certeza tem boas memórias daquela época. Seja um programa de TV, uma banda ou até um estilo de roupa, todos temos algo que lembramos com saudade. O Último Episódio, do diretor Maurilio Martins, remete ao clássico desenho Caverna do Dragão — e seu misterioso final — para contar uma história sobre amadurecimento.
Ambientado em 1991, no bairro mineiro Jardim Laguna, o longa produzido pela Filmes de Plástico acompanha Erik (Matheus Sampaio), um garoto de 13 anos que está apaixonado por uma menina da escola. Tentando impressioná-la, o rapaz diz ter em casa um VHS com o lendário desfecho de Caverna do Dragão. Agora, ele precisa da ajuda de seus amigos, Cassinho (Daniel Victor) e Cristiane/Cristão (Tatiana Costa), para sair dessa enrascada.
O Último Episódio prende a atenção sobretudo pelo apelo nostálgico. Baseado na infância do diretor, o filme transporta os espectadores de volta à atmosfera dos anos 90. Através das músicas, roupas e o estilo de vida peculiar de antes da era da internet, o cotidiano é marcado pela tecnologia analógica das fitas de vídeo, cassete e vinis.
Dentre tantas referências, a que mais se destaca é aquela que inspira o título da obra. Contudo, apesar de o ponto de partida ser o obscuro final de Caverna do Dragão, isso serve apenas como motivação para explorar a jornada de crescimento dos protagonistas. Dessa forma, quem espera encontrar alguma resposta ou especulação sobre como o desenho termina, pode se frustrar.
O foco do roteiro é abordar os dramas pessoais dos três personagens centrais. Cassinho sofre com a rigidez da mãe religiosa e isso lhe causa um conflito de identidade. Enquanto isso, Cristiane vive com a avó e precisa lidar com a ausência materna. Já Erik vive o luto pela morte do pai e a relutância de sua mãe em falar sobre isso. O problema é que essas questões delicadas mereciam ser mais aprofundadas para acrescentar peso dramático, porém ficam na superfície, principalmente nos casos de Cassinho e Cristiane.
Outro detalhe que diminui o impacto da trama são algumas cenas que poderiam ser omitidas sem comprometer o entendimento. Apesar de alguns momentos divertidos — como quando o trio experimenta um certo tipo de bebida — essas situações não agregam ao contexto geral e atrasam a conclusão.
No fim, a direção emotiva e pessoal de Maurilio Martins torna O Último Episódio uma produção pautada pela nostalgia, mas que não encontra equilíbrio com o dilema de seus protagonistas. Entre as referências e o drama da chegada da maturidade, o resultado fica aquém do esperado.
Assista ao trailer:
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