Tijolômetro: Confinado (2025)

Ideias recicladas estão entre os produtos mais genéricos da indústria cinematográfica, o que não significa algo completamente ruim. Com direção de David Yaroveski, Confinado entrega um suspense claustrofóbico mediano que tenta disfarçar um conteúdo raso, além de desperdiçar um bom elenco principal.
Eddie (Bill Skarsgård) é um pai desesperado que, enfrentando dificuldades financeiras, acredita ter encontrado uma saída fácil ao realizar um assalto. Em busca de um novo alvo, ele se depara com uma SUV aparentemente abandonada, uma circunstância perfeita para seus planos. O que ele não esperava era cair em uma grande armadilha preparada pelo dono do veículo, um homem misterioso e autoproclamado justiceiro chamado William (Anthony Hopkins). A partir desse momento, a trama se transforma em um jogo cruel de sobrevivência entre vítima e algoz.
Adaptação do filme argentino 4×4 (2019), que já teve uma versão brasileira intitulada A Jaula (2022), a produção corre o risco imediato de ser comparada a outras histórias semelhantes, como Emboscada (2001) e Por um Fio (2002). Isso, sem dúvida, diminui o interesse do público em assistir novamente a um duelo entre caçador e presa em espaços confinados. Nesse sentido, o único elemento que talvez jogue a favor do remake americano é seu leve flerte com o terror psicológico, sugerindo que o antagonista possa ter alguma inspiração em Jigsaw, da franquia Jogos Mortais.
Grande parte da força do longa está na forma como Eddie transmite o desespero e a exaustão de seu confinamento, sentindo os efeitos da desidratação e das punições impostas pelo seu algoz. Determinado a fazer justiça à sua maneira, William demonstra sem sutilezas a falta de compaixão diante da dor e do sofrimento do ladrão que cruzou seu caminho.
Infelizmente, o personagem de Anthony Hopkins não vai além disso. Suas falas carecem do mesmo nível de ameaça e profundidade que se espera de um ator marcado por papéis icônicos como o de Hannibal Lecter, especialmente em O Silêncio dos Inocentes (1991). O roteiro de Michael Arlen Rosso se mantém superficial, sem aproveitar a oportunidade de discutir temas como o uso de drogas nas ruas, a criminalidade e a ineficácia das instituições em buscar soluções que não sejam apenas paliativas.
Sem ousadia suficiente para se destacar entre tantas histórias parecidas, Confinado até surpreende em alguns momentos, mas não o bastante para manter o interesse da audiência até o final. Desperdiçando um elenco talentoso, o longa carece de uma identidade própria e se torna apenas mais um produto genérico a ser esquecido.
Assista ao trailer de Confinado:
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