Tijolômetro – Novembro (2025)

A história da América Latina é marcada por diversos acontecimentos: ditaduras, tentativas de revolução, crises econômicas, entre outros casos que, infelizmente, não recebem a devida atenção no currículo escolar brasileiro. Um desses episódios é a tomada do Palácio da Justiça colombiano em 1985, tema de Novembro, filme escrito e dirigido por Tomás Corredor e coproduzido pela Vulcana Cinema. Apesar de expor a violência do que ocorreu, o longa peca ao reconstruir o contexto histórico para o espectador.
A trama se passa entre os dias 6 e 7 de novembro de 1985, quando guerrilheiros do M-19 invadem o Palácio da Justiça em Bogotá, na Colômbia. Após os planos de negociação darem errado, um grupo de pessoas — incluindo invasores, civis e magistrados — encontra refúgio em um banheiro do edifício. A partir daí, mais de 27 horas de tensão se passam em meio a tiros, explosões e conflitos ideológicos.
Mesmo com uma introdução breve utilizando o áudio original de um comandante guerrilheiro, o roteiro não faz uma contextualização histórica da Colômbia na década de 1980. Desse modo, quem não tem conhecimento prévio do ocorrido fica sem maiores detalhes sobre o que é essa guerrilha armada e contra o que ela está lutando.
Vale mencionar que o Movimento 19 de Abril era um grupo de esquerda, fundado em 1974, que defendia a democratização colombiana através do confronto armado. Em novembro de 1985, uma célula do M-19 invadiu o Palácio da Justiça com o aparente objetivo de julgar o então presidente Belisario Betancur. Diante do fracasso da empreitada, mais de 100 pessoas morreram, incluindo 12 dos 25 juízes do Supremo Tribunal do país.
Parte dessas informações é apresentada somente em forma de texto. Além disso, exceto pelo espaço confinado do banheiro, as únicas cenas externas são vídeos de arquivo mostrando a movimentação do exército colombiano. O resultado é um quadro restrito que não se preocupa em mostrar o panorama geral e as possíveis controvérsias envolvendo guerrilha e Estado.
Dentre tantos obstáculos narrativos, um elemento positivo neste filme é o uso do som. Os tiros, explosões e gritos geram uma cacofonia aflitiva que reflete bem a angústia das horas passadas naquele recinto fechado. A incerteza dos confinados sobre o que lhes acontecerá é palpável, criando um drama intenso, apesar de limitado.
Novembro serve para abrir nossos olhos para um episódio sombrio que aconteceu em um país vizinho. Mesmo que faltem dados relevantes para tornar a experiência mais proveitosa, a produção comandada por Tomás Corredor tem o mérito de nos incentivar a buscar fontes de informação mais completas.
Assista ao trailer:
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