No ano de 1978, o cineasta Richard Donner provou que o homem podia voar nos cinemas. Não era qualquer homem. Era o Super-homem. Interpretado pelo ator Christopher Reeve, o filme marcou época e é reverenciado até hoje como uma das melhores produções inspiradas em histórias em quadrinhos de super-heróis. No entanto, muita coisa mudou nas duas mídias durante esse período de três décadas e meia. Os tempos são outros e as mudanças no mundo pedem personagens menos inocentes e mais realistas. Foi para atender esta demanda que em 2013 entrou em cena O Homem de Aço.
Para realizar esta tarefa, Zack Snyder (direção) e David S. Goyer (roteiro) recontaram a origem do Superman. Por isso, logo de cara somos apresentados ao planeta Krypton em sua iminente destruição. Nele, Jor-El (Russell Crowe) e sua mulher procuram preservar a raça enviando o filho recém-nascido para a Terra. A nave espacial da criança aterrissa na fazenda de Jonathan e Martha Kent (Kevin Costner e Diane Lane), que o batizam de Clark e o criam como seu próprio filho. Apesar das habilidades extraordinárias levarem o Clark adulto a viver à margem da sociedade, ele precisa se tornar um herói para salvar aqueles que ama de uma terrível ameaça.
O Homem de Aço faz um belo trabalho ao desenvolver bem este novo Superman até ele realmente se tornar o super-herói que todos conhecemos. Por conta disso, temos durante grande parte da projeção do filme um tempo maior para Clark Kent (Henry Cavill) encontrar seu próprio caminho antes de se tornar o Superman. É nesse contexto que seu pai adotivo acaba ganhando mais importância na orientação do seu filho para o mundo. Apesar de uma fala polêmica sobre salvar ou não um ônibus escolar, ele mostra mais adiante como certas escolhas precisam ser feitas em nome de um bem maior. Uma ação que com certeza reverberará na jornada pessoal de Clark.
Outro destaque importante é quando vemos a ação do filme. Saem de cena os movimentos em câmera lenta característicos de algumas adaptações comandadas por Zack Snyder como 300 (2006) e Watchmen (2009). Entra no lugar uma ação frenética que vai evoluindo até o último ato de O Homem de Aço. Durante as sequências de luta, por exemplo, percebe-se algo com muito mais impacto visual e sonoro. Lembra, com as devidas proporções, o estilo que ficou conhecido no anime Dragon Ball. O curioso é como toda a destruição causada durante uma batalha não parece ter o devido impacto na trama, provavelmente por conta do que estava sendo planejado para Batman Vs Superman – A Origem da Justiça.
Aliás, quando o assunto é destruição e ameaça não podemos esquecer do vilão principal: General Zod (Michael Shannon). Um militar kryptoniano muito intimidador e imponente. Graças a ele e seu pequeno exército temos ótimas cenas de ação além de vilões realmente ameaçadores. Nesse sentido, foi feliz a escolha desses inimigos para um primeiro filme. No caso do principal deles, Zod, ele foi capaz de levar o protagonista até o limite em vários sentidos, um detalhe que rendeu um momento arriscado e polêmico para a narrativa de O Homem de Aço.
Tal polêmica serviu para apresentar de vez o tom sombrio e realista do Universo Estendido da DC que teve inicio com O Homem de Aço. Provavelmente não foi a melhor decisão para este novo Superman dos cinemas, que definitivamente se distanciou daquele interpretado por Christopher Reeve. Apesar da atualização ser boa em alguns sentidos, fica a sensação de que a distância narrativa entre o filme de 1978 e esse deveria ser bem menor. Mesmo que novos tempos peçam por personagens mais realistas, um pouco de otimismo e esperança não fariam mal para o retorno do maior super-herói dos quadrinhos aos cinemas.
Ficha técnica:
- Lançamento: 12 de julho de 2013;
- Duração: 2h 23min;
- Gênero: ação, filme de super-heróis, adaptação
- Direção: Zack Snyder
- Roteiro: David S. Goyer
- Elenco: Henry Cavill, Russell Crowe, Kevin Costner, Diane Lane, Amy Adams, Michael Shannon, entre outros.
Assista o trailer:
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