Conhecer livros de autores desconhecidos, principalmente quando publicam o seu primeiro trabalho, é sempre uma aventura. Você nunca sabe exatamente o que pode encontrar pelo caminho. Um exemplo de uma grata surpresa nesse sentido está em O Esquadrão do Fim do Mundo, livro de estréia de Victor Alves, onde vemos um trabalho interessante que pouco se apoia em fórmulas já conhecidas. E isso é um grande ponto positivo. Na trama, somos apresentados ao grupo do título que é formado por 7 pessoas, entre elas militares e engenheiros, cuja missão é recuperar artefatos divinos do povo vrahari, extintos depois da Grande Guerra que durou mais de 50 anos. O motivo desta busca é por causa do surgimento dos primeiros caçadores, criaturas sanguinolentas que dizimaram cidades inteiras e ilharam as poucas que restavam.
Além da trama inicial, a história ainda reserva alguns mistérios que vão sendo melhor trabalhados junto com apresentação de cada personagem. Um deles, em especial, é o segundo-tenente Ansur Ross que logo de cara é surpreendido com o assassinato do seu pai. Sem correr o risco de dar qualquer tipo de spoiler, a questão da identidade do assassino é sem dúvida uma das melhores sacadas do livro justamente por indicar uma conexão com a ponta solta deixada, aparentemente, de propósito no final do livro. Vale lembrar que este é apenas o volume 1.
No entanto, a história não gira em torno de apenas um protagonista. Ao lado de Ansur, somos apresentados a sua equipe formada pela professora de cultura vrahárica Sophia Gillard, o engenheiro de telecomunicações Julius Renner, a engenheira eletricista Andrea Droher, a segundo-tenente Valquíria Marshall, o primeiro-tenente Alister Droher e o capitão Rogher Marshall. Considerados os melhores em suas respectivas áreas, cabe a eles ser única esperança de livrar a raça humana desse mal que parece irremediável. Outro detalhe é que cada membro do grupo é selecionado e reunido graças aos esforços da Magna Máquina, um empresa do ramo de tecnologia presidida pelos três irmãos Magnus. Mesmo com tantos personagens, é possível perceber que o escritor Victor Alves consegue trabalhar de forma adequada a relação entre cada um deles.
Talvez teria sido mais interessante desenvolver a rixa pessoal entre Alister e Ansur logo de inicio, pois o momento em que isso realmente acontece acaba ficando enfraquecido por ser muito rápido e pouco marcante. Outra questão está nos desenhos que ilustram alguns momentos do livro, todos de autoria de Marcos José da Silva. Em vários deles, percebe-se uma clara referência a rostos já conhecidos do grande público. Porém, apesar da beleza do traço, não é feita uma boa escolha de momentos da história a serem retratados. Não de modo geral, é claro.
Enfim, conhecer este livro realmente vale a pena se você for uma pessoa que gosta de aventura e procura uma leitura diferenciada e que com certeza vai prender a sua atenção.
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