Sempre que o assunto “games memoráveis” é colocado na mesa o papo rende discussões que podem durar horas a fio, em grande parte pela dificuldade de se estabelecer o que afinal de contas estamos chamando de “memorável”, e, principalmente, estabelecer os critérios pra determinar porquê aquele jogo se tornou especial pra nós. Eu costumo dizer que game memorável é todo aquele que você dificilmente deixará passar a oportunidade de jogar novamente caso tenha a chance de fazê-lo, não importando se hoje você tem 20, 40 ou 90 anos. Quanto aos critérios que tornam um jogo memorável, porém, é um bocado mais problemático, porque temos que considerar uma infinidade de coisas. Gráficos, trilha sonora, sinopse, jogabilidade… Apesar de todos esses elementos serem importantes, acho que o mais significativo de todos é quando nos lembramos das horas a fio passadas com nossos irmãos/primos/amigos/etc jogando aquele bendito jogo, vasculhando a fase inteira atrás de um único item, tentando passar daquela bendita fase, ou vencer aquele inimigo desgracento, ou, como não poderia deixar de ser, tentando derrotar aquele chefão impossível…
O boss é o maledetto que se interpõe entre você e a vitória, seja ela a vitória final ou parcial, mas ainda assim a vitória. Há jogos em que a presença dessa figura era tão marcante que chegávamos a sonhar com eles, tentando elaborar estratégias pra vencê-los (vai me dizer que isso nunca aconteceu com você?!). Abaixo, segue uma breve lista de 5 chefões de fase que fariam qualquer um ter vontade de espatifar o controle na parede, ensinando a gente a lidar com isso que as pessoas chamam de frustração.
Kintaro (Mortal Kombat II)
Os jogos da série Mortal Kombat marcaram a infância/adolescência de muita gente, e grande parte da diversão era conseguir executar os golpes especiais, sobretudo o Fatality, mas encarar no mano a mano aquele monstro humanóide de quatro braços e feições de tigre era F*DA com F maiúsculo! Além do fato de os golpes de Kintaro tirarem uma quantidade absurda de energia, rasteiras não o derrubavam, e esqueça o significado da palavra defesa, pois bastava Kintaro dar um salto sobre-humano e seu personagem era pisoteado seguidas vezes…
Último Chefe de Ninja Gaiden
Se tem uma coisa que os especialistas concordam é que Ninja Gaiden é um dos jogos mais difíceis de todos os tempos, e não haveria de ser diferente com seus chefes de fase. Pra começo de conversa, só o fato de você chegar no último boss já seria o suficiente pra você ser condecorado com uma medalha, mas há quem foi mais além, chegando a enfrentar a figura demoníaca totalmente gore que é o último chefe. Que são os últimos chefes, na verdade… O grande problema do boss final de Ninja Gaiden é sobreviver às três transformações pelas quais ele passa. A primeira parece um guerreiro samurai gigante com duas espadas; a segunda é um demônio com um único olho que atira chamas, e dependendo da sua mobilidade ao longo do cenário da luta, essas chamas podem seguir um padrão errático; a terceira e última é a mais gore de todas, lembrando um bocado o xenomorfo da saga Alien, que, por falar nisso, temos textos sobre a quadrilogia Alien, a começar pelo 8º Passageiro, que você pode conferir aqui.
Yellow Devil (Mega Man)
Em poucas palavras, enfrentar esse boss era como enfrentar o T-1000, e quando digo que era igual enfrentar o T-1000 não estou usando uma mera figura de linguagem. Esse boss se fragmentava em vários pedaços, que se deslocavam de um extremo a outro no cenário da luta, recompondo-se quando todos os fragmentos se reuniam de volta. É claro que, se algum desses fragmentos acertasse você, era morte certa!
Boba Fett (Star Wars: Shadows Of The Empire)
Shadows Of The Empire é o intermediário que se situa entre o episódio V e VI da franquia da “galáxia muito, muito distante“, spin-off este que rendeu um dos melhores jogos do Nintendo 64. Nesse jogo/spin-off acompanhamos a jornada do caçador de recompensas Dash Rendar, que, após ser contratado pela Aliança, tenta resgatar Han Solo das mãos do também caçador de recompensas Boba Fett. No entanto, além da fase de Boba Fett ser uma das mais longas do jogo, a luta contra Boba Fett é bastante desleal. Também, vai me dizer que você queria lealdade ao enfrentar um caçador de recompensas?! Bem, o fato é que é um bocado difícil enfrentar no mano a mano um cara que é extremamente hábil no manejo de um jetpack, podendo ir fácil e rapidamente de um lugar a outro pra encontrar um bom ângulo e te cobrir de tiros de laser; segundo é que, além de enfrentá-lo no mano a mano, você ainda tem que enfrentar a nave dele! Isso mesmo: você desprotegido versus Boba Fett largando laser à bordo da Slave I…
Ceifeiro (Castlevania: Symphony Of The Night)
Nos jogos da série Castlevania (que já tive oportunidade de tratar nesse texto aqui), temos a real dimensão do quanto Drácula é poderoso, afinal de contas que outro vilão teria colhões pra dar ordens à Morte? O Ceifeiro sempre foi um chefão dos mais difíceis nos jogos desta celebrada franquia da Konami, não é à toa que, na maioria das vezes, ele é o chefão que precede a luta final contra Drácula. O Ceifeiro de Symphony Of The Night, no entanto, merece um lugar de destaque devido à sua deslealdade extrema, que repercute em todo o resto do jogo: ao encontrar Alucard, filho do Conde Drácula, o Ceifeiro simplesmente toma todos os itens e armas do protagonista do game, e a partir daí você terá que recuperar esses itens para então ter alguma chance de enfrentar Drácula e seus súditos demoníacos! A reação de Alucard ao ter seus itens tomados pelo Ceifeiro é a mesma do jogador: “Whaaaat?!“
Essa lista procurou focar em jogos das antigas, mas sabemos que há games recentes cuja dificuldade é notória, não só em relação às fases, mas também aos chefões. Se você sentiu falta daquele chefão em especial que era a sua maior preocupação na infância/adolescência, deixe seu comentário no post.