Gosto de pensar que a literatura é como um universo diferenciado e, como tal, deve ser explorada sem medo. Desse modo, nunca sabemos exatamente o que será descoberto, pode ser bom ou ruim. Afinal de contas, é muito diferente caminhar no escuro em comparação com uma estrada sólida e iluminada. Ou seja, ao trocar a certeza de ler um ótimo livro de um (a) grande autor (a) consagrado/best-seller/clássico pela incerteza você estará entrando em um jogo de probabilidades. É por motivos como esses que conhecer o primeiro trabalho (e os próximos também) de um novo autor é sempre uma grata oportunidade para este colunista.
O inicio da minha trajetória como leitor de autores desconhecidos do grande público começa com uma amiga chamada Jenny Rugeroni, que conheci quando ainda escrevia em blogs. Seu primeiro livro é “A Herdeira do Silêncio” e, felizmente, foi uma ótima experiência ter contato com o tipo de escrita dela, isso, com certeza, contribuiu para que continuasse acompanhando seu trabalho. Não foi por acaso que fiz questão de ler o seu segundo livro, “O Segredo da Amoreira“, na época do lançamento. O que ambos tem em comum é justamente a forma de contar histórias de pessoas reais de forma envolvente e única. Inclusive, para os interessados em conhecer mais da autora e suas publicações criei um blog especialmente para apresentar o seu trabalho.
Outro exemplo é o “Esquadrão do Fim do Mundo“, que marcou a estreia de Victor Alves na literatura. Neste livro, é possível encontrar um trabalho interessante que pouco se apoia em fórmulas já conhecidas do grande público. Com uma trama que tem elementos de aventura, mistério e ficção cientifica o autor consegue conquistar seu leitor justamente pela forma como trabalha essa diversidade de gêneros. Além disso, a narrativa acompanha um grupo de personagens, ao invés de se apoiar em apenas um único protagonista ou um trio formado justamente por adolescentes. Sobre ele, vale destacar que o conheci em um evento literário chamado “Colofão“, uma feira de literatura independente cuja primeira edição aconteceu no segundo semestre de 2015 em Belo Horizonte e que teve como principal objetivo apresentar novos talentos da literatura nacional.
Quem também tive a oportunidade de conhecer foi a escritora Vanessa Barros, autora do livro “Crônicas a Bordo de um Trem Urbano“, que também esteve presente no “Colofão”. Em sua estreia no meio literário, ela fez um trabalho notável no qual, de forma leve, simples e bem-humorada, conta as histórias de funcionários e usuários das estações de trem (e também em alguns setores do metrô) de Belo Horizonte. Seu livro é aquele tipo de leitura do qual você não vê o tempo passar, pois realmente te prende pela curiosidade em saber o desfecho de cada crônica. Para conhecer mais sobre ela, que também escreve para a coluna SHINE – Sua História numa Estória do site Leituraverso, recomendo a entrevista que ela me concedeu para o Leituracast 11.
Por último, mas com certeza não menos importante devo citar o livro “Sangue na lua e outros contos” da escritora Sheila Schildt. Tive a oportunidade (mais uma vez essa palavra) de conhecer esta coletânea quando resolvi criar meu próprio negócio: uma livraria. Infelizmente, o empreendimento não surtiu o resultado esperado, mas foi graças a ele que pude ler este livro marcante. Trata-se de uma coletânea de contos de terror e suspense bem diferente do habitual cujo principal objetivo é mostrar o pior lado da natureza humana. Inclusive, um dos principais aspectos que torna este trabalho interessante é a forma como toda revelação chocante e assustadora nos leva a refletir sobre questões pertinentes que devem sempre ser discutidas abertamente. Vale ressaltar que alguns dos contos mais angustiantes não lidam necessariamente com o sobrenatural e sim com pessoas e situações cotidianas. Um exemplo disso está no fato da violência e o abuso sexual contra crianças e mulheres ter sido abordado mais de uma vez como bem afirma Mozer Dias em sua resenha sobre o livro. Para conhecer mais sobre este livro, fica a recomendação do Leituracast 13.
Enfim, de um modo geral não importa como exatamente você irá conhecer um (a) novo (a) autor (a). O importante mesmo é que você se lance nessa aventura. Assim, no jogo das probabilidades você pode até se decepcionar (50% de possibilidade) ou ter uma grande oportunidade de desvendar o universo da literatura nacional e ser grato por isso.
Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast.