O detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle é um dos personagens mais adaptados de todos os tempos ao lado de Jesus, Drácula, Batman e Superman. O que tem de tão fascinante nele? Certamente uma série de coisas. Sua capacidade de dedução é sem igual e reflete muito as ideias iluministas cientificistas do fim do século XIX. Suas histórias são narradas de forma muito criativa pelo mecanismo do médico, e amigo, Watson. Acima de tudo a originalidade e inventividade de suas histórias onde cada caso é uma marcante nova aventura. Além disso, temos um universo que gradativamente vai sendo criado em torno da Baker Street. As histórias surgiram no formato de contos que eram publicados na Strand Magazine e depois foram republicados em formato de livros devido ao imenso sucesso que ganharam na Inglaterra. O personagem saiu das barreiras londrinas e ganhou o mundo se tornando um símbolo das histórias de investigação. Quando o personagem caiu em domínio publico qualquer um poderia criar uma história com o imortal detetive. Isso acabou por gerar novas interpretações curiosas e eu separei algumas delas aqui. O critério foi das mais diferentes e inventivas, independente de serem boas ou não.
As Peripécias do Ratinho Detetive (1896)
Uma animação infantil onde vemos dois ratinhos que encarnam Sherlock e Watson. O vilão, obviamente, é uma versão de Moriarty ratazana. O filme brinca com diversos elementos das histórias clássicas e curiosamente consegue ser bastante fiel a obra original (dentro do possível numa animação infantil com ratos protagonistas). Existem alguns elementos infantis como a criança que acompanha a dupla, mas faz parte do paradigma de “histórias para crianças”. Uma ótima pedida para você que tem filhos, ou um irmão/irmã, que ainda não conhece o detetive. Aqui ele já irá ficar familiarizado com diversos conceitos presentes no livro, além de uma boa dose de aventura.
Sherlock Holmes no século 22
Acho que considero essa a mais bizarra de todas as versões. Imagine que a mente do maior detetive do mundo foi preservada em criogenia e quando Moriaty retorna dos mortos as autoridades inglesas decidem descongelar o único homem que foi capaz de impedi-lo no fim do século XIX. Watson também retorna numa versão robô para acompanhar nosso protagonista. Um terceiro elemento é inserido nessa mecânica, que é a policial Lestrade. Basicamente a animação seriada adapta histórias clássicas para essa Londres futurista e um tanto cyberpunk. No total foram vinte e seis episódios que foram feitos entre 1999 e 2001. Aqui no Brasil só lembro dele em DVD’S e fitas VHS, não sei se chegou a ser exibido na TV brasileira. E no final das contas, o desenho é bom? Acho que ele é bacana de um jeito meio bizarro, para um fã, mas não acredito que você irá querer ver todos os episódios. Pelo menos uns dois episódios só para matar a curiosidade.
Sherlock Holmes e Marx
Um livro escrito por Alexis Lecaye que na verdade faz parte de uma coleção maior onde o detetive encontra outras figuras históricas relevantes (esse mesmo autor escreveu Sherlock Holmes e Einstein). A história se passa no início da carreira do detetive, onde ele ainda não conhecia Watson. O revolucionário alemão pede ajuda ao inglês, pois acredita que existe alguém que deseja matá-lo. Isso leva os dois à Comuna de Paris onde enfrentam essa intriga e tentativa de assassinato do Marx. Um livro curtinho, interessante e bastante inusitado, assim como toda coleção Creme do Crime.
O Enigma da pirâmide (1985)
Um filme que tem como objetivo fazer um exercício de imaginação e mostrar como teria sido se Holmes e Watson tivessem se conhecido no colégio. Em sua premissa básica o filme desrespeita os livros, mas ao mesmo tempo ele tem muito carinho com a obra original em alguns detalhes. Acima de tudo é um bom filme, muito fascinante para quem é mais novo e que talvez não tenha contato nenhum com o personagem. Se o ratinho detetive pode ser uma porta para crianças muito pequenas, esse filme pode ser outra porta para aqueles que estão quase na adolescência. Ele tem uma estranha semelhança com Harry Potter, pois temos um trio de crianças inglesas (dois meninos e uma menina) que tentam desvendar crimes dentro do seu colégio com professores do mal. Lembrando que existe uma série de livros que contam as aventuras do jovem Holmes, mas eles são péssimos e eu não recomendo, mas se você está louco para mais coisas dele, quem sou eu para te impedir?
Xangô de Baker Street
Provavelmente você já esbarrou com esse livro por aí ou até mesmo com a adaptação cinematográfica de 2001. Aqui falarei só do livro de autoria de Jô Soares, que tem diversos outros livros de mistério e investigação. A ideia dele é imaginar como poderia ter sido uma aventura do detetive no Brasil Imperial para descobrir quem é o primeiro assassino em série do mundo. O livro é um grande mergulho no período histórico em que se passa, mas para os grandes fãs de Holmes ele pode ir longe demais às alterações. Devemos lembrar que Jô tem uma veia cômica muito forte e ele não tem medo de jogar esse estilo em cima do detetive e Watson. O livro realmente consegue ser muito engraçado, mas pode ficar meio estranho num enredo tão sério que ele mesmo cria. A investigação do caso em si fica meio de lado e passamos a maior parte do tempo vendo como é esse passeio de Holmes em nosso país. Indico para quem já leu tudo da obra original e quer ver essa brincadeira literária, mas não vá esperando um grande caso de investigação intricado (apesar do final ser muito bom).
Existem algumas outras versões curiosas desta icônica figura da literatura, mas preferi deixá-los para outro texto. Imagino que devido à série da BBC, o personagem está em alta novamente e adoro falar de versões fora da caixa de personagens clássicos. Já encontrou com algumas dessas obras ao longo de sua vida? O que achou delas? Deixe sua opinião nos comentários.