O Atari 2600 foi provavelmente o console mais importante da história dos video games. Esta é uma afirmação bastante justa, afinal o sucesso do console foi estrondoso tanto aqui quanto em outros países, a tal ponto que se tornou um dos símbolos da cultura pop dos ano 80 (falamos um bocado sobre ele no TarjaCast sobre os anos 80, que você pode conferir aqui). Esse nível diferenciado alcançado pelo Atari 2600 é reconhecido, inclusive, por Nerds que sequer eram nascidos na época em que o tão celebrado console floresceu numa explosão de pixels, mas que conhecem ou ouviram falar dele dada a sua paixão pelas plataformas atuais.
Lançado nos EUA no final dos anos 70, o Atari 2600 desembarcou em terras tupiniquins por volta do início dos anos 80, sob a chancela da empresa brasuca Polyvox. Teve também uma versão com um preço mais acessível distribuída pela CCE, o VG-3000, que foi o que eu tive (obrigado, vô!). Antes do Atari 2600, os consoles de video games existentes eram raridades, artigos de luxo, já que muito pouca gente tinha dinheiro para comprar tais itens e suas inúmeras fitas de jogos. Do mesmo modo, consoles como o Commodore 64, MSX e o Colleco Vision tinham uma jogabilidade extremamente complexa (os controles do Colleco Vision que o digam!), além do característico festival de bugs de certos games. Foi aí que surgiu o Atari 2600, um console que apostava de sobremaneira na simplicidade. Essa simplicidade era presente em todos os níveis do console, desde a proposta de seus jogos até o preço (mais barato) dos cartuchos, passando também pelos controles (uma alavanca e um botão, simples!).
As limitações gráficas da época convocavam a imaginação do jogador a entrar em campo. Um único pixel poderia ser um míssil, uma pessoa, uma mosca, uma estrela e o que mais o contexto do jogo requisitasse, e esse aspecto imaginativo era um elemento que fazia o jogador criar certo vínculo emocional com o jogo e guardá-lo na memória (a biológica, afinal não tinha hd externo nem pendrives nessa época). Além do aspecto visual, tinham os fantásticos efeitos sonoros do Atari 2600, que dificilmente algum outro console conseguirá reproduzir. Pra você que viveu essa época, tenho certeza de que você ouvirá mentalmente o som dos tanques se movendo em Combat, ou o som característico da aceleração do caça de River Raid, e pode ser sincero se uma lágrima vir aos seus olhos à essas lembranças…
Se você é fã incondicional de games mas não viveu essa época, saiba que você pode chegar bem próximo das experiências do Atari 2600, pois a TecToy lançou o Atari Flashback 7, uma versão do Atari 2600 adaptada pra nossa tecnologia atual (entrada USB, HDMI, etc). Esse remake não aceita cartuchos, mas possui 101 jogos do console clássico na memória. Custa em torno de 500 Dilmas (Ui!), mas você também pode recorrer a um bom emulador, como o Stella ou Z26. Inclusive, conferimos a épica passagem do Museu do Video Game Itinerante durante a estadia dos caras no Rio de Janeiro, que você pode conferir clicando aqui.
Assim, foi pensando tanto no pessoal das antigas quanto no pessoal mais novo que fizemos a lista abaixo, com alguns títulos memoráveis do Atari 2600. Aperte o Start e confira!
Missile Command
Um dos melhores jogos pra ter real noção das capacidades do console (visual, sons, jogabilidade). Aqui você tem que direcionar anti-mísseis de modo a proteger suas bases. Aliás, esse é um dos jogos que John Connors está jogando na cena do fliperama em Exterminador do Futuro 2 (confira aqui o TarjaCast que fizemos sobre a franquia Terminator).
Cosmic Ark
Esse jogo se apropria do conceito mitológico da “arca” (que não é exclusividade das religiões judaico-cristãs) e o adapta pra um contexto espacial, em que você comanda, primeiro, uma grande nave espacial que tem que usar seus canhões para evitar que outros tiros a explodam, e depois usar uma nave auxiliar para coletar espécimes (inquietas!) na superfície do planeta.
Space Invaders
Há quem diga que os anos 80 foram a década espacial tanto no cinema quanto no mundo nascente dos games, bastando ver a quantidade de jogos para o Atari 2600 que tinham “Space” ou “Star” no título. Inclusive, essa ideia integra o plot do livro Armada, de Ernest Cline, mesmo autor de Jogador Número 1 (vocês ainda vão me aturar falando desse livro ao longo de vários outros textos! Eheheh!). Space Invaders é um dos jogos mais icônicos de todos os tempos, em que você assume uma base móvel cuja missão é neutralizar ondas de naves alienígenas invasoras. À medida que vão morrendo, elas se movem cada vez mais rápido, portanto cuidado.
Atlantis
Um jogo de certo modo parecido com Missile Command, só que com muito mais carga visual, bem mais colorido, e agora você comanda postos de defesa pra impedir que naves destruam sua cidade, que, como o título sugere, é a lendária cidade submersa de Atlântida.
Defender
Como o próprio título sugere, sua missão é “defender” os seres humanos de serem raptados por naves alienígenas. Esse é um dos que tem uma jogabilidade mais complicada, sobretudo na hora de mudar de direção, mas melhora em Defender II. Ah, e cuidado pra não deixar nenhum humano despencar de alguma nave alienígena abatida!
Spike’s Peak
Esse é mais um exemplo de como a simplicidade pode ser um ingrediente extremamente rico. Sua missão aqui é pura e simplesmente fincar uma bandeira no topo de uma montanha, evitando de ursos, deslizamentos de neve e suportando a falta de ar e a baixa temperatura da altitude. E cuidado com as águias, elas são extremamente irritantes…
Pacman / Ms. Pacman
Um dos jogos mais celebrados de todos os tempos, a bolinha amarela comilona de fantasmas é outro símbolo da cultura pop dos anos 80. Sua adaptação do arcade para o Atari 2600 foi vista com certa estranheza, porque a mobilidade de Pac-Man era um tanto complicada de fazer com o joystick. Depois, a Atari expandiu o universo de Pac-Man com Ms. Pac-Man. No jogo estrelado pela versão feminina do comilão, há algumas melhorias, como a expansão do campo de bolinhas, que é bem legal, além de manter fidelidade ao jogo clássico.
Combat
Esse é um jogo PvP em que você pode escolher controlar um tanque, um caça ou um helicóptero de guerra. O legal desse jogo é que, além das cores pra diferenciar um jogador do outro, tinha o fato de que um player controlava, por exemplo, três helicópteros pequenos que se moviam sincronicamente, e o segundo player controlava um super helicóptero gigante todo desengonçado.
E.T. – O Extra-Terrestre
Inspirado no clássico filme de Steven Spielberg, esse jogo foi tido por muito tempo como “o pior jogo de video game da História“, o que é extremamente injusto, considerando que os jogos antigamente eram programados por uma única pessoa (que não levava os créditos pela criação do game!), e o cara que o concebeu (Howard Scott) teve que criar o jogo em questão de dias, porque era pra ser lançado em pleno Natal! Baseado na lacônica frase “E.T… telefone… minha casa“, a ideia do jogo era você guiar o alienígena entre poços pra procurar peças e enfim montar a máquina capaz de “ligar pra casa”, e ainda de quebra tinha que fugir de caçadores e cientistas malvados. O jogo não tinha mapa, o que dificultava muito a busca pelas peças, ao mesmo tempo em que era complicado fugir dos perseguidores, e o bicho também caía toda hora nos buracos. O jogo foi tão mal recebido e teve vendas tão fracas que a Atari ficou com tiragens inteiras do jogo encalhadas, optando por enterrá-las, literalmente! Foi aí que teve início o primeiro grande crash dos video games. Esse é um jogo para experimentar as possibilidades e também as limitações do Atari 2600.
River Raid
Um dos títulos mais celebrados pelo público brasuca. Em River Raid, você assume o controle de um avião de combate que tem que atravessar muralhas/pontes de vigilância, detonar helicópteros e porta-aviões inimigos, e de quebra desviar da rota de aviões civis. Sons memoráveis, jogabilidade bacana e faça o máximo de pontos que puder!
A lista de games memoráveis do Atari 2600 é vasta, e com certeza exigirá um outro texto para falar de outros títulos. No entanto, se você gostou/não gostou/quer sugerir algum título, deixe o seu comentário no campo apropriado que a gente confere.