Depois de mais de cinco temporadas, vimos ele sobreviver a todos os perigos de uma ilha infernal e voltar para casa com um único objetivo: salvar a sua cidade. Ele lutou contra vários inimigos (seus e do Batman), mudou de codinome várias vezes; treinou sidekicks; realizou o sonho dos fãs de Olicity; foi o homem mais rápido do mundo por apenas um episódio de The Flash e, como se isso fosse pouco, chegou ao 150º episódio da própria série. Seu nome? Oliver Queen, o Arqueiro Verde.
Arrow foi criada em 2012, um ano importante para a cultura pop. Foi quando o hype em torno das adaptações de quadrinhos para outras mídias começava a ganhar forma. Duas produções desse período são marcantes: Os Vingadores e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Enquanto a primeira produção encerrava com chave de ouro a Fase 1 do Universo Cinematográfico da Marvel, a outra marcava o fim da trilogia comandada pelo cineasta Christopher Nolan. No caso de Arrow, estes detalhes são importantes para mostrar como o momento foi propicio para a chegada das aventuras do Arqueiro Verde na tv.
Outro ano importante foi 2011 que, por sua vez, marcou o fim de Smallville. Mesmo com seus altos e baixos, a série que nos apresentou uma versão jovem e moderna do Superman adaptou diversos personagens icônicos da DC Comics. Entre eles, o Arqueiro Verde interpretado por Justin Hartley que era exatamente o que se podia esperar daquela produção. Por esse motivo, não seria coerente reutilizá-lo em uma nova série solo cuja proposta era ter um protagonista bem menos colorido e adolescente. Por causa desse detalhe, foi preciso escolher um novo ator que pudesse ser o herói em uma proposta mais próxima da fórmula sombria e realista dos filmes dirigidos por Christopher Nolan.
Nesse sentido, não há como ficar sem fazer comparações com o Batman. A inspiração da trilogia Nolan foi fundamental para criar este novo Arqueiro Verde e assim distanciá-lo do herói de Smallville. Outro ponto em comum é como o personagem conseguiu conquistar um novo público, que não o conhecia dos quadrinhos, e desse modo criar uma base de fãs muito grande. Isso acontece por conta da produção ter observado a necessidade de ser mais abrangente visto que adaptações de HQ estavam começando a ficar em alta.
Com o sucesso de Arrow em suas primeiras temporadas, os produtores e roteiristas continuaram usufruindo da própria liberdade criativa (ou seria licença poética?) em transformar o Arqueiro Verde em uma espécie de “Batman Verde”. Por esse motivo, não é de se estranhar que o principal vigilante de Star City tenha enfrentado a Liga das Sombras, inimigos como Ra’s Al Ghul (Matthew Nable) e Deathstroke/Exterminador/Slade Wilson (Manu Bennett) e até ter um detetive de policia como aliado tal qual o Comissário Gordon nas aventuras do Homem-Morcego.
Apesar desses pontos serem vistos sempre como negativos, há que se fazer algumas ressalvas. A principal delas está em relação a qualidade da segunda temporada na qual o Exterminador foi a principal ameaça. Para muitos fãs saudosistas, ele está entre os melhores vilões de Arrow ao lado de nomes como Prometheus (5º temporada) e Malcom Merlyn (1º temporada) por conta de todo trabalho que deu para Oliver Queen derrotá-lo. Infelizmente, estes bons momentos acabam sendo esquecidos pela maioria por conta de alguns defeitos que surgiram com o tempo. Alguns deles são consequência da quantidade de episódios por temporada (22) e decisões de caráter duvidoso por conta da produção.
Ainda sobre efeitos do tempo, vale destacar como o sucesso de Arrow possibilitou o surgimento de outras séries que hoje pertencem à um universo maior conhecido como “Arrowverse”. Por conta do seu pioneirismo, o canal CW aproveitou para nos apresentar outros herois da DC como Flash e Átomo que posteriormente se tornaram partes de outras séries como The Flash e Legends of Tomorrow. Além disso, personagens como Felicity Smoak (Emily Bett Rickards) e John Diggle (David Ramsey) foram introduzidos nas HQs do Arqueiro Verde durante a fase dos Novos 52. O dado curioso é que a atual esposa de Oliver Queen já existia nos quadrinhos do Nuclear tendo feito sua primeira aparição em The Fury of Firestorm # 23 (1984). Já o melhor amigo do Arqueiro Verde foi criado especialmente para a série e o seu sobrenome na verdade é uma homenagem ao roteirista Andy Diggle que entre seus vários trabalhos escreveu Arqueiro Verde: Ano Um (2008).
Enfim, encerro por aqui este artigo de longa jornada lembrando que o episódio de número 150, “Emerald Archer” (Arqueiro Esmeralda), irá relembrar momentos importantes da série através da exibição de um documentário intitulado “The Hood and the Rise of Vigilantism” (O Capuz e a Ascensão do Vigilantismo). Para os que ainda não viram, este episódio serviu como uma bela homenagem para todos esses anos que vimos Oliver Queen em sua jornada heroica. Mesmo se tratando de uma série cheia de altos e baixos, este momento acertou em cheio.
Leia mais:
- Fase 1 do Universo Cinematográfico da Marvel
- Crítica de Os Vingadores (2012)
- Crítica de Smallville (2001 a 2011)
- 10 maiores diferenças entre Arrow e os quadrinhos do Arqueiro Verde
- Elsewords e os crossovers do Arrowverse | Olhar Literário
Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast