Depois da revolução do filme de 1979 (que você pode ler a crítica aqui) foi feita uma continuação da história de Ripley (Sigourney Weaver). A cápsula onde a protagonista do primeiro filme é encontrada por naves humanas e descobrimos que ela se colocou em um modo de hibernação até ser salva. Podemos dizer que isso mata um pouco do final poético e sombrio do primeiro filme. Uma mulher, somente com seu gato, flutuando na imensidão do espaço totalmente sem rumo. Esse encerramento em aberto teve que ser sacrificado para contar a nova história de Ripley e acredito que no final das contas valeu à pena.
Após ser resgatada descobrimos que Ripley possuía uma filha na Terra e, devido ao período prolongado de hibernação, a filha da protagonista já havia morrido de velhice quando sua mãe é resgatada. Esse pode ser um ponto que passe despercebido pelo espectador, mas é fundamental para criar mais uma camada em nossa protagonista. Enquanto isso, o planeta onde sua nave esbarrou com o Alien no primeiro filme, foi colonizado e, obviamente, um grande ataque começou. Ripley retorna para onde tudo começou como uma forma de vingança velada contra o ser que lhe tirou tudo.
Em Aliens, O Resgate temos uma elevação do nível de perigo. Se no primeiro um Alien era o perigo máximo, agora temos um exército deles. Para balancear isto somos apresentados ao grupo de soldados que fará frente aos monstros. Aqui é onde mora o ponto fraco deste filme, a maioria destes soldados são extremamente bidimensional e praticamente todos têm a mesma personalidade. Um bom tempo é gasto com eles e perdemos foco em figuras que realmente significam algo, como Ripley, a menina sobrevivente da colônia ou o robô Bishop. Até mesmo o capitão do grupo tem a mesma personalidade que seus soldados.
Outro ponto fraco no roteiro é não gerar diálogos explicativos básicos sobre os perigos. Quando Ripley vai explicar aos soldados a natureza do ser que irão enfrentar, os mesmos fazem uma série de piadas, fazendo com que a protagonista desista de explicar e fica por isso mesmo. Tirando essa questão, o roteiro é muito inteligente e preocupado em ser crível dentro do universo que ele mesmo cria. Temos uma expansão deste futuro de ficção cientifica que é fantástico.
Essa é mais uma das obras primas de James Cameron. Ele realmente faz você acreditar que foi feita uma viagem espacial para realizar tal filme. Tudo construído para a realização de filmagens é incrível e conseguimos esquecer que estamos vendo um filme com set e efeitos especiais. Um pouco do visual de H.R GiGer é utilizado neste filme, mas de forma mais genérica. O que deixou o filme com uma aparência de ficção cientifica mais dentro dos padrões e menos aquela coisa aterradora de seu antecessor. Entretanto, na cena final onde temos o último confronto, muito dos conceitos de terror foram retomados.
Em termos técnicos esse filme é perfeito. Todos os cenários são extremamente realistas, assim como o uso de autômatos para realizar a movimentação dos Aliens. Aquela era do cinema que todos sentem saudades, pois o CGI ainda não era uma realidade palpável e era necessário um maior esforço dos diretores para que tudo ficasse o mais real possível na tela. Os corredores são imundos, existem canos e fios para todo o lado e principalmente a sensação de perigo gerada por uma iluminação muito bem pensada. Escura quando precisa gerar tensão e clara quando os personagens estão dialogando. No final do terceiro ato, James não poupa esforços na hora de ser épico usando tudo que lhe é possível como uma Alien rainha lutando com Ripley em um robô no meio de uma estação espacial pegando fogo e prestes a explodir. Até mesmo a nave e o carro utilizados parecem reais e totalmente funcionais.
Talvez ele seja um tanto longo, e com alguns personagens descartáveis, mas ao final da luta de Ripley é muito difícil não se conectar com seu sofrimento, com sua luta pela vida e sua nova conexão com Newt. Como filme de ação, uma mudança brusca de estilo comparado com o primeiro filme. Aliens, O Resgate é até contido em alguns momentos. Somente com uma hora de filme que começamos a ter os primeiros tiros sendo disparados, mas somos compensados com um terceiro ato inacreditável.