Tijolômetro – Bailarina (2025):

A franquia John Wick se tornou um referencial dentro dos filmes de ação na última década graças ao carisma de Keanu Reeves aliado à criatividade do diretor Chad Stahelski para contar a trajetória do temível Baba Yaga de forma empolgante. Por isso não é surpresa alguma que o sucesso tenha motivado alguns projetos derivados, sendo Bailarina o primeiro deles a chegar aos cinemas. Sob o comando de Len Wiseman, o filme se situa dentro desse mesmo universo, mas a tentativa de se igualar ao material original acaba prejudicando sua protagonista.
Após testemunhar a morte brutal do pai nas mãos de uma seita de assassinos, Eve Macarro (Ana de Armas) recebe abrigo na organização Ruska Roma, comandada pela Diretora (Angelica Huston). Sob a fachada de uma escola de balé, a menina é treinada por anos na arte de matar e se torna uma assassina de aluguel habilidosa. Quando conclui seu treinamento, ela decide ir atrás dos responsáveis pela execução do pai e fazer justiça com as próprias mãos.
Assim como John Wick, a trama desse spin-off não oferece muitas novidades no que diz respeito às motivações do personagem central. Enquanto ele quer vingar a morte do seu cachorro, ela deseja fazer isso pelo pai. O elo de ligação entre os dois é o fato de Eve ter sido treinada na mesma instituição que o Baba Yaga, algo que por si só já reflete a letalidade da protagonista.
Apesar da simplicidade do roteiro, o diferencial da franquia está nas sequências de ação ousadas e criativas que impactam os fãs do gênero. Bailarina busca seguir pelo mesmo caminho e até consegue bons resultados na maioria do tempo, como na cena envolvendo o uso de lança-chamas por exemplo. O problema começa quando essas cenas começam a se estender demais até se tornarem cansativas e repetitivas. Sem contar que até mesmo para uma obra de ficção é preciso respeitar algumas leis da física para não beirar o cômico, especialmente quando os personagens lutam com granadas e outros explosivos.
Outro ponto que permanece igual é a brutalidade dos tiroteios e lutas corpo-a-corpo que não são suavizados pelo fato do filme ser protagonizado por uma mulher. O incômodo começa quando percebemos que, apesar dos golpes e ferimentos que ela recebe – na maioria das vezes de homens com o dobro do seu tamanho – seu rosto permanece intacto. Além de ser irreal, isso passa a impressão de que a direção optou por preservar a aparência da atriz.
É uma tarefa difícil falar dessa produção sem ficar a todo instante fazendo comparações com a franquia principal. Contudo, a própria narrativa faz questão de incluir elementos dos filmes com Keanu Reeves para deixar claro que tudo acontece no mesmo ambiente, cronologicamente entre Parabellum (2019) e Baba Yaga (2023). O lado positivo é que podemos rever personagens consagrados do Hotel Continental. Porém, a maneira como a figura do próprio John Wick é utilizada acaba ofuscando a protagonista e reduzindo seu carisma, deixando-a em segundo plano em um momento inadequado.
Apesar dos acertos pontuais, Bailarina precisa reforçar constantemente que faz parte do universo John Wick para não se tornar apenas mais um filme genérico de ação. Ao mesmo tempo em que o sucesso da franquia é a muleta para esse e outros projetos, tentar se colocar no mesmo nível do original é o principal obstáculo para um desempenho melhor.
Assista ao trailer:
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