E lá vamos nós para mais uma publicação do Batman no selo Black Label, um espaço editorial para histórias fora da cronologia oficial e com mais violência, sexualidade e temas adultos. O curioso é que temos o icônico autor Garth Ennis, que está em evidência graças à série The Boys, voltando para os personagens famosos das grandes editoras. Na edição publicada pela Panini, que compila as seis edições da minissérie original, temos logo no início uma mensagem do roteirista para seu antigo parceiro de trabalho, o desenhista Steve Dillon, que infelizmente veio a falecer em 2016. Ele diz que esse projeto estava planejado para Dillon, mas que acabou não acontecendo. Mas agora essa história vem à luz pelos desenhos de Liam Sharp.
As ilustrações dessa HQ são muito estilizadas de maneira radical. Acredito que é um estilo que dividirá a opinião dos leitores. Para saber se é o seu gosto basta dar uma olhada nas capas, que são do mesmo artista, já que elas comunicam muito bem o que você verá nas páginas internas. Meu único problema com a arte Liam Sharp é que os cenários por vezes são tão abstratos que fica muito difícil entender onde os personagens estão, e em vários momentos isso tira o leitor da narrativa porque ficamos nos perguntando “o que está acontecendo aqui?”.
Os roteiros de Garth Ennis, quando ele está escrevendo super-heróis seguem alguns estilos corriqueiros: muita violência, uma certa tiração de sarro dos personagens e um humor voltado para escatologia. Tudo isso está aqui. A trama se inicia quando os principais vilões do personagem começam a morrer misteriosamente e diversos ataques se dão no submundo da cidade. Batman começa a investigar até que descobre que tudo está conectado ao vilão Crocodilo. Teria ele se rendido ao seu lado animal e iniciado uma sequência de assassinatos ou algo mais está acontecendo?
O problema é que o Batman, nesta história, está excessivamente frio em relação a tudo que está acontecendo ao seu redor. Nós acabamos não nos importando com os acontecimentos porque nem mesmo o protagonista parece estar muito engajado. Ele é totalmente insensível ao sofrimento físico e psicológico de qualquer um e costumeiramente cria situações para matar seus vilões e ainda, ironicamente, diz “O Batman nunca mata”. Claramente um dos traços de Ennis de “quebrar ironicamente” os heróis que escreve.
O curioso é que a ideia envolvendo o personagem Crocodilo é realmente interessante e poderia ser aproveitada na linha de revistas mensais para deixar esse vilão mais relevante. Não posso dizer exatamente o que acontece com ele, pois essa é a grande surpresa da história, mas saiba que é algo totalmente condizente com o estilo de Garth Ennis nos roteiros. Mas saiba que é algo que lembra um filme do David Cronenberg, mas sem grande parte da genialidade.
Acredito que essa minissérie, encadernada pela Panini, só serve para o público que é fã inveterado de Garth Ennis e deseja ter tudo do seu trabalho. Ou para os fãs do Batman principalmente os que gostam de colecionar as histórias que flertam com terror e bizarrices envolvendo a mitologia do Cavaleiro das Trevas.
No Telegram do Quarta Parede você recebe em primeira mão dicas de filmes, séries e quadrinhos. Acesse agora! (t.me/quartap4rede)
Batman: Reptiliano
-
Nota