Curiosamente em menos de um mês eu fiz uma crítica aqui no Tarja de um filme sobre tênis, que foi excelente por sinal. Agora temos o lançamento de mais um filme sobre este esporte, falando de uma partida icônica entre dois jogadores famosos. Enquanto Guerra dos Sexos era mais sobre a luta por direitos iguais entre ambos os gêneros, o longa Borg vs McEnroe vai mais fundo na rivalidade entre dois esportistas extremamente aficionados.
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Borg (Sverrir Gudnarson) é o campeão de quatro campeonatos Wimbledon seguidos e está partindo para o quinto. McEnroe (Shia LaBeouf) é uma estrela em ascensão que promete tirar o título do grande campeão. Um é definido como rival do outro. De um lado o jogador frio, calculista e incrivelmente metódico e do outro um astro do rock, esquentado e completamente rebelde. Ambos são definidos pelos seus talentos na quadra e vencer é a única coisa que importa para eles.
O filme é dirigido por Janus Metz, que já dirigiu o filme Armadilio e o terceiro episódio da segunda temporada de True Detective. Seu objetivo com esse filme, como ele mesmo disse, é ser uma versão Touro Indomável do tênis. De fato ele leva a sua direção por esse caminho, mergulhando nas psiques perturbadas dos dois personagens principais. Momentos em silêncio com os protagonistas prestes a explodir de estresse absoluto. É realmente impressionante como sua direção consegue focar em detalhes de cada personagem e como realmente nos mostra o que se passa em suas cabeças sem precisar usar palavras, somente imagens. Metz também apresenta uma ótima técnica com uso de ângulos que dão vida total ao jogo e nos faz esquecer que estamos vendo um filme.
Sverrir Gudnason vive o frio Borg e encarna com exatidão seu papel. Até fisicamente ele é absurdamente parecido com a figura real que o filme se baseia. Seu olhar, pequenos gestos e a forma como se expressa é impressionante e cria toda a mística que o jogador necessita. O típico “fala muito com pouco”. Shia LaBeouf vive o McEnroe e, apesar de fazer uma atuação na medida, não surpreende tanto por este ser um personagem de temperamento muito similar a outros que ele já deu vida no cinema, mas ainda assim é totalmente eficiente no que precisa ser feito, sem exageros que poderiam gerar de um personagem tão intenso.
O roteiro é de Ronnie Sandahl que, além de contar a história deste torneio em especifico, também vai para o passado, mostrando a infância destes dois jogadores. É justamente aí que mora o único “erro” desse roteiro, pois somente um dos personagens recebe o verdadeiro enfoque em sua infância e origem como jogador, enquanto o outro tem muito menos espaço nesse sentido, e fica levemente subdesenvolvido na tentativa de explicar como sua personalidade se formou. De resto a história é contata de forma impecável com personagens muito bem definidos. Também tem o fator da história real já ser naturalmente instigante.
Sugiro que caso você não conheça nada sobre essa história não pesquise antes de ver esse filme. O terceiro ato é completamente intensificado, caso você desconheça quem ganha o campeonato no final, e realmente vai prender seu fôlego na partida decisiva. Como vários outros filmes de esporte este é um drama, mas ele não se esquece do esporte para contar a vida pessoal dos personagens, mas realmente se foca no tênis e transforma uma simples partida numa das coisas mais emocionantes que se pode ver numa tela de cinema. Um exemplo perfeito da junção de um ótimo roteiro com um diretor que sabe o que está fazendo e como vai contar essa história.
Borg vs McEnroe
Nota