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A Amazon Prime fez recentemente um acordo com a produtora Blumhouse, que possuiu certo respeito devido a algumas boas produções cinematográficas no gênero do terror, apesar de também ter feito algumas coisas bem ruins. Nesse mês de Halloween os frutos dessa parceria serão disponibilizados no serviço de streaming. O primeiro deles é um suspense sobre memória e identidade.
Nolan vem sofrendo com perda de memória após um acidente de carro que também matou sua esposa. Agora ele precisa retomar a vida e cuidar de sua filha, que ainda é uma criança. Ainda por cima ele sente que existe algo de errado com sua mente, para além da perda de suas lembranças. Assim ele inicia uma jornada rumo ao seu próprio subconsciente.
Acredito que o grande problema de Caixa Preta é ele ser vendido pela produtora e pela Amazon como um longa de terror. Esse é um bom filme, mas não acho que ele nem ao menos se categoriza como um filme de terror. Ele é um ótimo drama com mistério e elementos de ficção científica. Existem algumas cenas tensas do filme que até flertam com o terror, mas não definem o gênero do longa inteiro.
O roteiro é um trabalho conjunto de Stephen Herman e Emmanuel Osei-Kuffour, que também dirige o filme. Claramente Caixa Preta é um filme relativamente barato em termos de produção e com um elenco reduzido. A direção é competente, acredito que seu único defeito é utilizar uma câmera que balança e treme constantemente. O intuito pode ter sido representar a inconstância e sensação que o próprio protagonista está passando, mas para aquele que assiste em alguns momentos é uma distração e atrapalha a absorção da história.
O roteiro é consistente na maior parte, mas tem alguns pequenos problemas. Acho que o elemento de ficção cientifica da trama é excessivamente avançado para uma narrativa que se passa nos dias de hoje. Algumas metáforas acabam ficando muito literais no terceiro ato e algumas regras internas da trama ficam um tanto confusas. Mas, de modo geral, o drama dos personagens e suas relações são muito interessantes e instigantes, com viradas e surpresas que podem pegar alguns no contra pé.
A atuação de Mamoudou Athie, que vive o protagonista, é excelente e ele carrega o filme com total competência. Amanda Christine como atriz mirim também rouba a cena e consegue sustentar um papel bastante complexo para uma criança. Para essa história era fundamental uma boa atuação e todos os atores envolvidos entregam o necessário para fazer o filme funcionar.
Acho que uma boa forma de sintetizar essa obra é defini-la como uma espécie de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças só que mais focado no lado sombrio da memória e como ela define a identidade de uma pessoa. Também pode lembrar para alguns um episódio mais comprido de Black Mirror. Entretanto, vale ressaltar que a obra tem o suficiente para ser original por si só, mesmo que recicle alguns conceitos de outras produções da própria Blumhouse. Se você já possuiu Amazon Prime Video vale conferir.