Tijolômetro – Capitão América: Admirável Mundo Novo (2025)
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A falta de boas histórias e o desgaste do atual formato do MCU nos cinemas e no streaming vem desagradando cada vez mais os fãs da Marvel. A era de ouro dos filmes de heróis acabou há tempos e a necessidade de inovação nunca foi tão urgente. Esse grande desafio criou um ambiente pouco receptivo para a estreia de Capitão América: Admirável Mundo Novo. Porém, mesmo após passar pela greve dos atores e roteiristas de Hollywood e por alterações drásticas no roteiro, a primeira produção do estúdio em 2025 supera as expectativas e estabelece seu novo protagonista.
Dando continuidade aos acontecimentos de Falcão e O Soldado Invernal, reencontramos Sam Wilson (Anthony Mackie) lidando com a responsabilidade de ser o novo Capitão América. Depois da eleição do general Ross (Harrison Ford) para a presidência dos EUA, Sam precisa deixar de lado as desavenças e trabalhar com seu antigo rival. Contudo, um incidente internacional coloca em risco essa frágil aliança e deixa o mundo em estado de alerta.
Nem todos os fãs do Capitão aceitaram bem essa passagem de bastão (ou escudo, nesse caso) para outra pessoa. Isso também se reflete dentro da trama, onde Sam Wilson enfrenta muita pressão enquanto tenta sair da sombra de Steve Rogers. Não bastassem as cobranças externas, ele próprio exige muito de si, ainda mais pelo fato de não contar com o soro do supersoldado. Isso fica claro durante algumas cenas nas quais podemos ver sua vulnerabilidade física contra certos adversários. Mas o que seria considerado uma fraqueza é o elemento que humaniza o personagem. Nesse aspecto, é válido mencionar a entrega de Anthony Mackie no papel e a forma como ele chama o protagonismo para si.
E apesar de ser uma sequência da minissérie do Disney+, esse é o primeiro filme a mencionar o elefante na sala deixado por Eternos: o corpo do Celestial que emergiu do oceano, o qual tem grande importância na narrativa. Outra produção que está diretamente envolvida é O Incrível Hulk (2008). Capitão América 4 poderia ser uma continuação daquela obra sem nenhum problema, já que muita coisa dela é resgatada.
Já o subtítulo Admirável Mundo Novo pode ser interpretado de diferentes maneiras, contudo a mais óbvia se refere ao clássico da literatura escrito por Aldous Huxley. O enredo do livro é ambientado em um futuro distópico onde a tecnologia é supervalorizada por um governo totalitário. Na produção da Marvel, essa figura controladora é representada pelo general Ross e sua ambição mal disfarçada de dominar uma nova fonte tecnológica que irá redefinir os rumos da economia e da política mundial. Dentro desse contexto, o roteiro foca em uma trama investigativa motivada por conspirações políticas que não chegam a se aprofundar em críticas ao sistema político norte-americano.
No quesito ação, Capitão América 4 não decepciona. As cenas são bem coreografadas e sabem explorar os recursos do novo traje alado do protagonista aliados às habilidades de Sam Wilson em combate. O CGI não incomoda na maior parte do tempo, sendo superior ao de algumas produções anteriores do estúdio como Thor: Amor e Trovão, entre outras.
O marketing do filme se sustentou na presença do Hulk Vermelho, algo que é compreensível por seu apelo. Porém, caso sua participação tivesse sido mantida em segredo, o impacto teria sido muito maior para quem não o conhece dos quadrinhos. Talvez isso não tenha ocorrido porque os outros vilões não têm tanto peso, como o personagem de Giancarlo Esposito e a figura misteriosa que está por trás dele coordenando tudo. Ainda assim, vale ressaltar que o Hulk Vermelho não é o principal antagonista e tem pouco tempo de tela. O lado positivo é que ele proporciona as melhores cenas, mesmo que a solução para o confronto tenha sido um tanto clichê.
Por último, sobra espaço para um indicativo do que nos aguarda no futuro dos Vingadores. Um dos nomes que certamente estará entre os novos membros é o atual Falcão (Danny Ramirez), o qual tem bons momentos e a dose certa de carisma. A cena pós-créditos tenta acrescentar algo mais sobre os próximos desafios que os defensores da Terra encontrarão, mas apenas promete aquilo que todos nós já sabemos que acontecerá.
Capitão América: Admirável Mundo Novo não é a obra-prima que resgata a Marvel da crise criativa pela qual está passando. Entretanto, é um alívio constatar que o longa consegue contar uma história convincente com mais pontos positivos do que negativos, além de realizar a façanha de substituir Chris Evans no papel de um dos principais heróis do estúdio. Fica agora a esperança de que esse padrão de qualidade não só se mantenha como aumente cada vez mais.
Assista ao trailer:
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