É seguro dizer que praticamente todo mundo já teve algum contato com as histórias dos contos de fada, principalmente por meio das animações da Disney. No entanto, para alguns produtores de cinema esse produto acaba ficando datado e o melhor jeito de resolver esse “problema” é fazendo um remake em live action. Esse é o caso de “A Bela e a Fera”. Na trama, uma moradora de uma pequena aldeia francesa, Bela (Emma Watson), tem o pai capturado pela Fera (Dan Stevens) e decide entregar sua vida ao estranho em troca da liberdade dele. No castelo, ela conhece objetos mágicos e descobre que a Fera é, na verdade, um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana.
Sobre esse tipo de filme, é importante dizer que se trata de uma oportunidade de apresentar velhas histórias com uma cara nova, seja para um público mais jovem ou para quem já as conheceu na infância. Talvez, por isso, a necessidade de contar a história novamente. Afinal de contas, as possibilidades de lucros são quase certas. Basta seguir um ideia já utilizada e tentar inovar. Sinceramente, não sou absolutamente contra este tipo de produção. Acredito que cada caso precisa ser analisado de forma fria e não-apaixonada ao invés de simplesmente criticar sem fundamento.
Refilmar histórias clássicas é uma prática comum atualmente. Não é a toa que entre os roteiristas estão nomes que já trabalharam com isso antes como por exemplo Evan Spiliotopoulos, responsável pelo roteiro de “O Caçador e a Rainha do Gelo” e “Hércules” além de ter escrito roteiros para outras animações da Disney como “A Pequena Sereia: A História de Ariel”, “O Rei Leão 3: Hakuna Matata”, entre outros. Sobre a direção, o nome de Bill Condom pode causar certos estranhamentos por conta de ter sido conhecido por encerrar os últimos capítulos da Saga Crepúsculo. Apesar disso, seus mais recentes trabalhos como “O Quinto Poder” (2013) e “Sr. Sherlock Holmes” (2015) provaram que ele foi o nome certo para o trabalho. Por último, fica a menção ao também roteirista do filme Stephen Chbosky, cuja estreia no cinema foi o ótimo “As Vantagens de Ser Invisível” do que foi responsável pela direção e roteiro.
A citação de todos os esses nomes e trabalhos é necessária por conta do resultado final deste trabalho em particular. Muito do mérito de “A Bela e a Fera” é por causa desse time e da escolha de um ótimo elenco. Começando pelo casal de protagonistas que consegue entregar atuações interessantes. A Bela de Emma Watson é ao mesmo tempo corajosa, delicada e sensível na medida certa, o que é muito importante tendo em vista que toda história se baseia em sua relação com a Fera vivida pelo ator Dan Stevens, que só conheço pelo seu mais recente trabalho na série “Legion” da FX. Por ser tratar de um personagem criado através de efeito especial, suas expressões acabam sendo a única forma de interação com o público. Nesse sentido, seus melhores momentos são quando ele precisa demonstrar um ar mais cômico e ao mesmo tempo inocente.
Infelizmente, nem sempre um remake é totalmente bem sucedido no seu intuito de mostrar como algo novo. Um exemplo disso são as sequências musicais que por mais previsíveis que sejam acabam deixando a experiência cansativa e até atrapalhando o ritmo do filme. A sensação é desse recurso ter entrado no roteiro mais como uma imposição narrativa do que necessariamente algo natural. Talvez se as músicas utilizadas fossem outras e tivessem um tempo menor, o problema seria resolvido. Para isso acontecer, seria necessário coragem por parte de toda produção em mexer com uma história tão clássica como essa. Enfim, caso você pretenda ver esse filme esteja preparado para boas atuações e momentos musicais chatos.
Obs: Ainda sobre remakes, comentamos sobre esse tipo de produção no Leituracast 17 – Releituras.
Ficha técnica:
- Lançamento: 16 de março de 2017 ;
- Duração: 2h09min;
- Elenco: Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Kevin Kline, Josh Gad, Ewan McGregor, Ian McKellen, Stanley Tucci, entre outros;
- Direção e Roteiro: Bill Condon, Evan Spiliotopoulos, Stephen Chbosky
Assista ao trailer: