Tijolômetro: Clube do Crime das Quintas-Feiras (2025)

A ideia de adaptar um best-seller sempre gera grandes expectativas, tanto para os leitores e fãs da obra original quanto para quem está chegando agora. Independentemente de qual seja o caso, Clube do Crime das Quintas-feiras obtém êxito no entretenimento da audiência, embora não saiba aproveitar seu elenco estrelado da melhor forma possível.
Elizabeth Best (Helen Mirren), Ron Ritchie (Pierce Brosnan), Ibrahim Arif (Ben Kingsley) e Joyce Meadowcroft (Celie Imrie) são quatro amigos que vivem em Cooper’s Chase, uma propriedade de luxo destinada a idosos aposentados e/ou inválidos localizada no interior da Inglaterra. Por diversão, eles resolvem antigos casos de homicídio, mas tudo muda quando um promotor imobiliário suspeito é encontrado morto e o quarteto se vê diante de seu primeiro crime recente.
Com tanto talento e experiência reunidos, é natural esperar uma obra recheada de grandes momentos de cada intérprete. No entanto, a comédia dirigida por Chris Columbus mira em algo mais leve e divertido, sem perder a profundidade ao abordar certos temas. Um deles é o valor da experiência de vida dos integrantes do clube, aspecto que o roteiro escrito por Katy Brand e Suzanne Heathcote resgata em alguns trechos do filme. Inclusive, esse detalhe do texto da dupla aparece tanto em momentos mais sérios como em outros mais cômicos.
O problema é que o fato de sabermos que em Clube do Crime das Quintas-feiras há um ex-sindicalista, Ron Ritchie, que ainda carrega suas memórias revolucionárias, e um sagaz ex-psiquiatra, Ibrahim Arif, que recebem a ex-enfermeira Joyce Meadowcroft, novata na equipe, não influencia em muita coisa. É bem provável que, para adaptar as 400 páginas do primeiro volume da série de Richard Osman, parte do passado desses protagonistas tenha ficado de fora. Uma pena, considerando o carisma que todos entregam em cena.
Por outro lado, quem ganha mais evidência na produção é Helen Mirren, que interpreta uma espiã aposentada da inteligência britânica e atua como líder do grupo. Ela desempenha o papel com a extrema facilidade de quem sabe compor nuances, construindo uma Elizabeth Best empenhada em solucionar mistérios, mas que não deixa seu “ofício” apagar sua humanidade, o que a diferencia de figuras como Sherlock Holmes, por exemplo. Além disso, a produção ainda aproveita para prestar homenagem através de menções diretas a outros papéis que a atriz já viveu na indústria cinematográfica.
Em termos de destaques menores, outros atores chamam a atenção, como David Tennant e Richard E. Grant. Apesar do pouco tempo em cena, eles são extremamente competentes ao dar vida a figuras que despertam repulsa por seus comportamentos gananciosos e, ao mesmo tempo, cínicos.
Cativante e divertido, Clube do Crime das Quintas-feiras pode ser a nova aposta da Netflix para uma franquia que mistura comédia e mistério com um grupo de personagens bem diferente do esperado. Ainda assim, pode encontrar resistência de quem espere algo mais ousado, já que o elenco continua subaproveitado. Esse detalhe pode ser corrigido em uma sequência que provavelmente será confirmada, considerando que a produção rapidamente alcançou o primeiro lugar do streaming.
Assista ao trailer de Clube do Crime das Quintas-feiras:
Conteúdo relacionado:
Fique por dentro das novidades!
