Vou chamar esse texto de resenha apenas como formalidade, pois é mais um comentário muito pessoal sobre a experiência que tive ao ler Cristianismo Puro e Simples, de C. S. Lewis. Sim, o mesmo Lewis que escreveu As Crônicas de Nárnia também escreveu vários livros e ensaios de cunho religioso e foi justamente através de um desses que tive o meu primeiro contato com o autor. E devo dizer que não poderia ter sido de forma mais positiva e impactante, pois sua definição clara de cristianismo mudou minha forma de enxergar a religião como um todo.
Essa obra se originou de uma série de programas de rádio transmitidos durante a Segunda Guerra Mundial, onde Lewis foi convidado a falar sobre o cristianismo em um período obscuro de incertezas e morte. Alguns anos depois, o próprio autor transformou todo esse material em uma única obra na qual ele tenta explicar de maneira simples e objetiva o que é o cristianismo e no que os seus adeptos acreditam, independentemente da igreja que decidiram seguir.
Pude perceber que o livro é estruturado para apresentar desde os conceitos mais “simples” até os mais complexos que definem realmente os preceitos cristãos. E o primeiro passo para se abordar esse assunto é garantir que estamos falando de algo real e não imaginário. Ou seja, a primeira preocupação de Lewis é provar a existência de Deus.
E o que mais me impressionou é que ele consegue fazer isso de forma simples, com uma argumentação clara que qualquer pessoa pode compreender. Através de exemplos práticos e paralelos com situações cotidianas, ele demonstra que todas as pessoas intuem a presença de algo maior que, em outras palavras, pode ser chamado de Deus. Ele é tão convincente a esse respeito que não deixa margens para contra-argumentos. Eu não li o que ele tinha a dizer com ceticismo, mas a todo momento tentei me colocar na posição de um leitor cético e pensar em pontos que refutariam a sua apresentação. Tentei e não consegui. Talvez porque a inteligência dele é muito superior à minha ou então porque simplesmente o que ele defende é verdadeiro.
O próprio Lewis era ateu assumido e não tem vergonha de admitir isso. Na verdade, ele usa a si mesmo como exemplo e fala com a propriedade de quem já esteve dos dois lados: aqueles que creem e aqueles que não creem e, inclusive, tentam desacreditar quem pensa diferente deles. Contudo, em nenhum momento ele passa a impressão de que deseja converter o leitor ao cristianismo. Ele expõe os fatos puros e simples que definem sua crença e explica por que acredita nela. Cabe a nós concordar com ele ou não.
Seria uma maravilha se, depois de ler esse livro, todos se convertessem e o mundo se tornasse um lugar melhor, mas o autor faz questão de ressaltar que não é assim que funciona. Por mais que você entenda o cristianismo, não significa que ele se torne algo fácil de ser incorporado à sua vida. Você pode tentar, mas provavelmente irá falhar ou então duvidar em alguns momentos, chegando mesmo a desistir de tentar. Mas se você pelo menos passar por todas essas etapas, então já terá valido alguma coisa.
Cristianismo Puro e Simples conseguiu alimentar meu interesse e admiração pelo trabalho de C. S. Lewis fora da ficção e dentro dela e, também, conseguiu me dar uma visão muito mais clara da religião e a sensação de que não estou apenas crendo em algo abstrato e intangível. Se eu disser aqui que absorvi tudo o que o autor falou, estarei mentindo, pois essa é uma obra para ser revisitada diversas vezes até ser digerida completamente. Mas seu diferencial é justamente o de querer me fazer voltar até ela.
Adicione este livro à sua biblioteca!
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