Assisti ao filme Despertar dos Mortos (1978) de George A. Romero, no evento Shell Open Air. Posso dizer que foi uma experiência deliciosa, ver o filme em uma tela do tamanho de uma quadra de tênis ao ar livre, embaixo de chuva. Era algo que eu sempre quis fazer desde que o evento teve início, mas somente agora surgiu a oportunidade.

Quanto ao filme, eu não sou a maior fã do estilo “living dead”, mas como nunca recuso a oportunidade de assistir a um longa, associado aos fatos de que Romero é um cineasta cultuado e que o roteiro tem um dedo de Dario Argento e que o filme teve críticas positivas, resolvi conferir.

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A trama é continuação do filme “A Noite dos Mortos Vivos”, embora não tenha nenhum personagem remanescente deste filme. Sendo assim, os zumbis já tomaram conta do planeta e a população está em polvorosa. Nisso, dois policiais, um piloto de helicóptero e sua namorada resolvem fugir pelo ar. Durante a fuga eles acabam parando em um shopping Center onde vários zumbis se concentram, mas de qualquer forma é um oásis no deserto. Um local onde tem de tudo que a vida moderna pode proporcionar no meio de todo aquele caos.

Eles conseguem isolar os zumbis em um ponto onde ficam seguros de seus ataques e desfrutam da boa vida do shopping, pois o mundo está acabando, mas o fornecimento de água e eletricidade curiosamente estão normais, por incrível que pareça.

Esta é a parte mais monótona do filme, mas é neste ponto onde Romero mostra sua crítica a sociedade consumista moderna. Depois disso, eles começam a cair na monotonia e no marasmo, e os conflitos começam a ocorrer; o que não é trabalhado de modo muito claro e várias pessoas começaram a abandonar a sessão. Pena, pois depois disso o filme deu uma guinada com a invasão de uma gangue de motociclistas no shopping. Gangue esta chefiada por um motociclista interpretado por Tom Savini, um dos atores preferidos de Romero e Robert Rodriguez.

O filme é chamado por muitos de “Cult” e eu posso até imaginar o porquê ao me colocar no momento em que foi realizado. Era a época do governo de Jimmy Carter, da era pré Regan, no auge da guerra fria e do capitalismo. Um Shopping Center com certeza representa o centro de todo o consumismo. Mostrar zumbis que não tem consciência de suas ações, mas que vão ao shopping por estarem condicionados a isso, é sem dúvida, uma ótima forma de criticar o sistema. Além disso, tem a parte da crítica aos racistas, em comentários absurdos sobre negros e hispânicos feitos por alguns dos vilões secundários do filme. Romero sempre colocava em seus filmes um ator negro, viril, que se sobressaia. No caso deste filme, o herói é interpretado por Ken Foree, ator imponente com 1,96 de altura. A parte da maquiagem também deve ser lembrada. Com certeza deveria ser o “must” para a época.

Agora vou dar minha impressão como espectadora, esquecendo todos os pareceres históricos e técnicos da época e desligar a minha máquina do tempo mental. Posso dizer então que… EU RI MUITO!!!! Sei que é algo que não rolaria em um filme de terror, mas ele é totalmente trash. As cenas de sangue e a maquiagem são hilárias. O sangue parece feito de guache e a tinta azul dos zumbis em determinado momento deveriam estar em falta, portanto somente algumas partes dos zumbis eram pintadas. Em compensação toda a boa maquiagem era usada nos “zumbis protagonistas”. Foi delicioso, não esperava que riria tanto. Desculpem-me os fãs deste tipo de filme e de Romero. Eu entendo todas as referências, as situações históricas, mas é impossível não rir de um zumbi Hare Krishna, da mocinha inútil, do mocinho que só faz besteira e dos zumbis tortos e sem noção.

Espero que os fãs me perdoem pela blasfêmia e lembro para não confundirem com o filme de 2011 com o mesmo nome, que não é um remake. O reboot deste filme se chama “Madrugada dos Mortos” (2004) e foi dirigido por Zack Snyder.

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