Poucos são os animes que conseguiram juntar tantos fãs e marcar tantas gerações pelo mundo. E um deles é o Dragon Ball. Criado pelo japonês Akira Toriyama, o mangá teve sua adaptação para capítulos serializados em 1986 contando as histórias e aventuras de Son Goku, podendo ser considerado como um dos personagens mais carismáticos e conclamados entre os animes. Muito por conta de seu desenvolvimento e crescimento junto com seu público, pois vimos Goku em sua fase criança, jovem, casado, tendo seu primeiro filho, morrendo duas vezes (diga-se de passagem, kkk), tendo seu segundo filho e sendo Avô.
Apesar de termos visto mais de 10 anos de sagas e histórias entre 1986 e 1996, segundo o próprio Toriyama, Dragon Ball teve seu ciclo terminado na luta final contra Freeza que ocorre bem no início da versão “Z”. A saga Cell e de Majin Boo, por mais que seja difícil para um fã como eu assumir tal postura, foram um apêndice da história principal que não acrescentaram nada nas construções de personagem tanto de Goku quanto de seus amigos, isso ocorre geralmente quando tentamos contar mais sobre uma história que já foi contada. Por exemplo: todos os personagens até a saga Freeza tiveram seus ciclos fechados com seus desenvolvimentos, suas motivações e resoluções explicadas, e ao tentar adicionar uma história utilizando da mesma gama de personagens principais, para se ter uma justificativa deles na história, geralmente se desconstrói para construí-lo novamente. Isso ocorre, e fica bastante claro em DBZ tanto na saga Cell quanto na saga Boo, quando o anime assume uma pegada muito mais focada nos combates, treinamentos e transformações do que na relação e reconstrução dos personagens, como por exemplo o Goku sendo um completo merda como pai por ser excessivamente ausente, bastante infantilizado e tendo a mesma personalidade de quando era criança, fazendo parecer que todos os anos e vilões que ele enfrentou e o aprendizado no âmbito emocional adquirido não serviram para nada. Apenas citei um dos diversos exemplos que temos na série e que podem ficar para um próximo texto, se quiserem.
Mas depois de tudo isso que mostrei (caso ainda estejam aqui e não tenham ficado pistola, fechado a janela do navegador e xingado até minha quarta geração ahaha) os apêndices de Dragon Ball não são descartáveis (até porque, a minha saga preferida é a do cell), eles possuem coisas muito interessantes e épicas, como por exemplo, a luta de Son Gohan contra o Cell ou a demorada transformação de Super Sayajin 3 de Goku contra o Boo.
Dragon Ball Super é mais um apêndice, sendo a continuação direta da saga Boo, e comete novamente os mesmos erros que os outros, alguns até piores, mas que agrada a grande maioria de fãs que compraram a proposta que o anime adotou durante os anos em só focar em combates e transformações, a fim de vender mais bonecos diferentes. Ele inicia com um ritmo bastante morno, chegando a ser até um pouco chato, com uma animação da Toei bem abaixo da qualidade, se compararmos com o traço de animes atuais como One Punch-Man. Aqui eu recomendo assistir os dois primeiros filmes “Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses” e “Dragon Ball Z: O Renascimento de Frieza”, que conta basicamente a mesma história nas duas primeiras sagas da série Super, mas de maneira mais direta, sem enrolação e com uma animação de qualidade.
Depois dessas duas sagas, a série cresce de maneira exponencial tendo arcos e personagens interessantes que te prendem na tv, fazendo com que facilmente ocorra maratonas de 10 ou mais episódios em um dia, dando um destaque para as sagas Black e do Torneio do poder que conseguiram redimir alguns integrantes basicamente esquecidos por conta do grande foco no protagonismo de Goku e seu rival Vegeta (que é umas das minhas maiores críticas nos animes que possuem uma vida muito longa), indivíduos esses como Kuririn, Piccolo, mestre Kame, Androide número 18, número 17 e até no Gohan, que praticamente foi destruído com seu período ridículo como “sayaman” no final do “Z” e até no início do Super, mas que depois encontrou seu caminho de glória fazendo lembrar um pouco o garoto que derrotou o icônico vilão cell em uma luta épica.
Todavia, nem tudo são flores, em razão de possuir uma total regressão em algumas figuras, como a Videl que em seu momento no “Z” se mostrava uma mulher forte, segura de si e emancipada, porém agora se mostrou uma dona de casa sem ambições profissionais, frágil, que cuida de sua filha, que se subjuga e é completamente dependente de seu marido. Existem outros integrantes que tiveram erros semelhantes e graves, na minha opinião, porém seria caracterizado como spoiler então, deixarei também para um possível próximo texto ou cast.
Resumindo, DBS em diversas partes consegue resgatar de seu público mais antigo da geração “Z” o mesmo sentimento de quando ele assistia na época de criança, sendo repleto de fan service e homenagens, sejam elas revisitando lugares, objetos, golpes e técnicas que passaram pelo mundo durante todos esses anos de anime. A revisão de alguns vilões e oponentes também estão presentes, demonstrando uma certa falta de criatividade, porém alguns dos novos apresentados foram convincentes, com destaque para o “Hit”. A série se sai bem no final, pois além de conseguir aumentar sua base de influência atraindo um público mais casual e se firmando em uma nova geração, ela consegue agradar minimamente em alguns pontos seus fãs mais exigentes.