Nesse mundo globalizado onde as informações chegam rapidamente não há quem não tenha ouvido falar do escritor português José Saramago, conhecido pelo seu estilo inovador, complexo e de olhar trágico, mas, ao mesmo tempo, realista sobre o mundo. Foi a partir do seu romance Levantando do chão (1980) que suas obras, publicadas no Brasil pela Companhia das Letras, passaram a ser lidas pelo mundo de forma a torná-lo um best-seller da literatura europeia.
Em seu livro Ensaio sobre a cegueira (1995), o autor fala sobre alienação do ser humano nesse mundo contemporâneo e a partir de suas críticas é lançado um novo olhar como forma de provocar ao leitor reflexões nunca antes feitas. É possível dizer que quem se aventurar pelas páginas dessa obra não terá certamente o mesmo olhar sobre o mundo e as pessoas ao redor. O livro em questão, assim como todas as suas obras publicadas em outros países, tem a ortografia vigente de Portugal e isso, é claro, a pedido do autor. Porém, em Ensaio sobre a cegueira, não há um lugar em que se ambiente a história (um país, por exemplo) e as personagens não têm nome. Ambos os recursos têm como finalidade dialogar com todos os tipos de leitor. Pode-se dizer então que é uma obra na língua portuguesa, porém com uma linguagem universal.
Segundo as próprias palavras de Saramago, Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única e isso mostra mais um aspecto da obra: a possibilidade de múltiplos olhares. A história começa quando um motorista se descobre cego repentinamente e é a partir dessa cegueira repentina que a história começa a ganhar ritmo. Em pouco tempo, uma cidade inteira se vê contaminada pela cegueira que acometera o primeiro cego. Cada acontecimento é retratado com riqueza de detalhes como se, de certo modo, tivéssemos um guia nessa escuridão. Esse elemento a mais quando feito de forma diferenciada, como é o caso deste autor, garante a oportunidade do leitor se situar ainda mais na história possibilitando uma sensação de realismo maior. Através disso, perdemos a posição de mero espectador para dialogar ainda mais com a obra.
Durante a leitura, percebemos também diversos tipos de críticas ao individualismo humano que, por sua vez, se torna mais evidente em situações nas quais as personagens têm que lidar com suas limitações atuais. Enfim, este livro é muito recomendado e atual sendo capaz de propiciar reflexões profundas sobre nossa relação com uma sociedade envenenada pela influência do capitalismo selvagem.
Adicione este livro à sua estante!
Quer continuar por dentro das novidades? Então siga o canal do Quarta Parede no WhatsApp e não perca nada!