Até o topo! É com esse objetivo que o grupo da Adventure Consultants, liderados por Rob Hall (Jason Clarke), começa sua expedição ao ponto mais alto e desejado do mundo para os alpinistas: o cume do monte Everest (8.848 m de altura), no Nepal. Um drama real, ocorrido em 1996, e até para quem já conhece a trágica história vale a pena assistir este filme.
Com o objetivo de assegurar que seus clientes subam e desçam em segurança, Rob Hall guia sua equipe de aventureiros no árduo caminho até o topo da montanha mais alta do planeta. Em seu início Evereste ilustra o contraste da Nepal urbana, populosa, viva e bagunçada da capital Catmandu, do desolamento quando vai se aproximando do monte Everest. Com fendas assustadoras e o frio implacável do Himalaia, cada passo a cima, em direção ao cume, é um grande desafio. No ar rarefeito cada miligrama de oxigênio é importante para manter seu corpo ativo e sua consciência sã.
Dirigido por Baltasar Kormákur, Evereste retrata bem o porquê de um montanhista/alpinista fazer uma aventura destas. Após cada resposta evasiva dos personagens que foram questionados por Jon Krakauer (Michael Kelly), renomado jornalista do esporte que também fazia a expedição, a verdadeira resposta subentendida era: “Porque eu quero!”.
Claramente baseado no livro Into Thin Air de Jon Krakauer, e Left for Die de Beck Weathers (Josh Brolin), ambos sobreviventes da tragédia, o longa-metragem faz uma crítica à ganância que move a maioria dos promotores de expedições ao Everest, que popularizam, mas também banalizam a perigosa aventura.
Beck Weathers foi um dos poucos a serem resgatados depois da forte tempestade. Ele passou uma noite inteira desmaiado numa encosta um pouco mais abaixo do cume.
O que faz uma pessoa sair do conforto da rotina de suas vidas, e de seus lares protegidos para viver um risco tão grande em uma situação tão extrema e desnecessária? Por que eles querem! Não se pode racionalizar o que vem da alma. Vencer seus próprios desafios e se sentir vivo, saindo de seus calabouços urbanos da vida real e embarcar no mundo livre vencendo a própria natureza humana. O clímax do longa é justamente quando o topo é alcançado e o retrato do vazio do cenário branco em volta é o inverso da emoção de quem consegue fincar uma bandeira, que logo sumirá, no topo do planeta. E a aventura não acaba aqui, pois o longo caminho da volta ainda está para ser percorrido.
Evereste tenta fazer o espectador não só viver a aventura e a tragédia da expedição como também nos fazer entender o sentimento que move os aventureiros a se arriscarem. Apesar de tentar ser fiel à história real, sente-se falta de um maior ápice dramático no final do filme – o roteirista poderia mexer uns pauzinhos na história real para que isso acontecesse. Um bom filme de aventura na maior montanha do mundo, porém peca em entregar um drama à altura.