Baseado na graphic novel “O Perfuraneve”, Expresso do Amanhã é dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho (Mother) e traz um futuro distópico fora do padrão para os espectadores: Os governos mundiais resolvem salvar o planeta, assolado pelo aquecimento global, com a emissão de um produto que resfriaria a temperatura da Terra. Porém, obviamente, o tiro sai pela culatra e a temperatura cai demais, trazendo novamente a Era Glacial ao planeta. Mas não é aqui que está a trama fora do padrão do longa-metragem, e sim, no ambiente onde os poucos seres restantes do holocausto glacial sobrevivem: Em um Trem.
Snowpiecer (Perfurador de Neve) é uma locomotiva que percorre o mundo numa velocidade constante. Construída por uma espécie de cientista filantropo para abrigar uma população seleta, Sr. Wilford (Ed Harris) é o comandante que manda e desmanda nos poucos sobreviventes que dependem das instalações da máquina de gerro para subisistirem. Neste trem, que nunca para, as pessoas são divididas fisicamente pelos vagões por classes. E Wilford exerce um rígido controle populacional, capaz até de fuzilar uma multidão para balancear a população do Snowpiecer. E, não por acaso, quem sofre com as tiranias são as pessoas do mais populoso e negligenciado vagão, o último. Lá se encontra o nosso herói Curtis Everett (Chris Evans), o líder da revolta na locomotiva, o evento chave do longa-metragem.
Curtis que já habita no último vagão há 17 anos é obstinado em conseguir seu objetivo: Chegar no salão das máquinas onde Wilford se encontra, e fazer com que o último vagão tome o controle da locomotiva. Para isso ele está disposto à qualquer consequência, inclusive a deixar seu jovem amigo de revolta Edgar (Jamie Bell) à morte para concluir sua jornada. Curtis é um exemplo de herói humano, passível de grandes erros (e algumas atrocidades no passado) em busca de redenção.
O Expresso do Amanhã, aborda a metáfora de nossa sociedade contemporânea. A revolução dos desprivilegiados perante à elite, que une cada um com suas preocupações e buscas pessoais em um único objetivo: Uma vida melhor. Logicamente, até pela temática, é necessário uma suspensão de descrença e um poder de abstração para poder enxergar tais metáforas ilustradas da trama. Porém quando as enxerga percebemos a famosa luta de classes dentro dos estereótipos satíricos do longa. Um filme com grande poder em sua mensagem, trazendo uma grata alegoria de nossa sociedade que assim como o trem são divididas em classes – ou em vagões. Um filme que merece sua atenção