Chega às bancas esse mês a nova coleção da Salvat que será exclusivamente focada no Homem Aranha. A Salvat já fez duas outras coleções de quadrinhos no Brasil, onde uma trazia histórias diversificadas (coleção capa preta) de toda a editora e a outra focava cada volume em um personagem ou grupo (coleção capa vermelha). Como toda a primeira edição de coleção essa tem o valor promocional de 9,90, mas os próximos volumes chegaram até 39,90. Junto com a primeira HQ temos um poster com informações extras dentro do encadernado como esboços e uma pequena entrevista com o roteirista. É preciso deixar claro que esse volume não entrega uma história completa. Os eventos narrados nesta primeira edição só serão concluídos na edição 6: “Herói da Resistência”.
Caído Entre os Mortos é considerada uma das melhores histórias do Homem Aranha, geralmente sempre bem posicionada em listas de 20 melhores histórias. O selo Marvel Knights é um dos principais responsáveis por tirar a Marvel do estado de falência que a editora vivia na década de 90. Justiceiro, Demolidor e outros personagens mais urbanos já haviam obtido sucesso e o passo seguinte foi levar o personagem mais popular da editora. Mark Millar já era um roteirista renomado na época e foi convidado para escrever uma história dentro deste selo que combinava tanto com seu estilo cínico e violento.
Sinopse: Tia May está se mudando para o centro da cidade para morar perto de Peter e Mary Jane. Tudo parece ir bem para a família: Mary Jane está trabalhando como atriz, Peter está dando aula em seu antigo colégio e May já sabe a identidade secreta de seu sobrinho. De uma hora para a outra a idosa é sequestrada por uma figura misteriosa fazendo o Homem Aranha iniciar uma corrida alucinada para achá-la. Tal busca faz com que ele enfrente boa parte de sua galeria de vilões e seja levado ao extremo de suas capacidades físicas.
Numa primeira olhada essa ideia pode parecer um tanto repetida, afinal, quantas vezes isso já não ocorreu em qualquer história de super herói? O grande trunfo desta HQ são as situações criadas pelo Millar, que realmente colocam o herói em seu limite. As cenas de ação são incríveis e muito bem desenhadas pela dupla Terry Dodson e Frank Cho.
Talvez o único defeito dessa história, levando em conta que esse volume só tem as seis primeiras edições, é sua passagem de tempo. Em dado momento temos a sensação de que a urgência da busca pela Tia May vai decaindo até ficar quase secundaria. Muita coisa acontece e acabamos dividindo o tempo com alguns sub-plots, que são bons, mas menos emergenciais do que o principal.
Os diálogos são muito bons e tem uma das qualidades mais imprescindíveis de todos: eles soam reais. Isso vale para as pessoas conversando na rua até os diálogos entre Peter e Mary Jane. Os vilões são muito bem utilizados, assim como todo o universo Marvel que permeia a narrativa. É uma dessas Hq’s que fica difícil de não ler até o final, assim como igualmente difícil de não querer ler o volume 6 que irá concluir essa saga. Os vilões são muito bem utilizados, principalmente Norman Osborn que está com uma das atitudes de Duende Verde mais bacanas que já vi.
Mas não se engane achando que só terá páginas e mais páginas de ação e violência. A história nem é tão violenta como outras de Millar. Um bom tempo é gasto para trabalhar personagens e problemas de casal de Peter e Mary, algo fundamental para qualquer história do personagem. Na verdade ela tem tudo que uma boa história do Homem Aranha precisa e por isso ela é tão amada pelos fãs. O gancho que Caído Entre Os Mortos deixa para o volume seis é ótimo e te faz ir até a última pagina com a adrenalina a mil. Um ótimo exemplo de como ideias clichês podem virar ideias fantásticas com uma boa narrativa.