Tijolômetro – Inuyashiki: Last Hero

Subverter expectativas é sempre um tiro no escuro, que só se revela certeiro quando há mais surpresas do que decepções. Inuyashiki: Last Hero se encaixa facilmente nessa primeira categoria, com um protagonista inesperado e temas pertinentes, apesar do desfecho fraco.
Rejeitado pela família e pelos colegas, Ichiro Inuyashiki trabalha como escriturário e leva uma vida monótona. Certa noite, é atingido por um OVNI e tem seu corpo reconstituído, transformando-se em uma espécie de robô. Consciente do potencial de ajudar pessoas de diferentes maneiras, passa a agir como um herói anônimo. O que não imagina é que um estudante do ensino médio, Hiro Shishigami, também foi envolvido no mesmo acidente e decide usar seus novos poderes para dar vazão aos impulsos mais sombrios.
Com direção do estúdio MAPPA, a adaptação do mangá de Hiroya Oku surpreende ao colocar um idoso como herói. Nos animes, personagens dessa faixa etária quase sempre aparecem apenas como mentores, alívio cômico ou motivação para a jornada do protagonista. Aqui, o primeiro episódio já mostra como esse conceito pode ser instigante, desde o renascimento de Ichiro até sua busca por um propósito no mundo.
Outro ponto importante é que Inuyashiki: Last Hero amplia sua proposta ao explorar não apenas ação, mas também reflexões sobre poder, responsabilidade e caráter. Em diferentes missões pelo Japão, ele se arrisca mesmo sem saber exatamente a extensão da sua força, tampouco a vasta gama de possibilidades do seu novo corpo.
Hiro, por outro lado, se diferencia pela inteligência e frieza. Esses elementos não apenas definem sua personalidade, como também revelam a perda progressiva de sua humanidade. Não é à toa que muitas de suas cenas parecem saídas de um filme de terror, com direito a momentos de jump scare. Curiosamente, em certo ponto seu desenvolvimento lembra o de Light Yagami em Death Note, embora em menor escala e com menos força dramática.
Ainda que não seja uma referência explícita, essa semelhança contrasta com outros momentos em que o anime faz citações diretas. Hiro demonstra seu conhecimento ao mencionar obras de diferentes gêneros e estilos, como One Piece e Gantz, a série mais famosa de Hiroya Oku. Já Ichiro traz outra lembrança marcante ao cantar a música tema de Astro Boy, clássico de Osamu Tezuka, enquanto aprende a usar uma nova habilidade.
Por fim, o aspecto mais fraco de está no encerramento. O desfecho se mostra previsível a ponto de poder ser antecipado pelo menos dois episódios antes do último. Além disso, a solução encontrada dentro dessa previsibilidade soa clichê, destoando do aspecto diferenciado da obra.
Isso não muda o fato de que Inuyashiki: Last Hero merece uma chance de ser conhecido e apreciado pelo público. É difícil não se envolver com a trajetória de Ichiro, uma figura altruísta e nobre que ajuda o próximo sem pensar duas vezes.
Assista ao trailer de Inuyashiki: Last Hero
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