Tijolômetro – Mundos Paralelos (Ashita Sekai ga Owaru Toshitemo):
Explorar a ideia de realidades além da nossa não é uma novidade na cultura pop. Por isso, algumas produções optam por adicionar elementos diferentes para evitar a repetição. Infelizmente, esse tipo de acréscimo não garantiu um bom resultado em Mundos Paralelos (Ashita Sekai ga Owaru Toshitemo), primeiro longa do estúdio Craftar (responsável pela série Ingress: The Animation) que perdeu a chance de desenvolver de forma significativa seu tema central.
A trama acompanha Shin e Kotori, amigos de infância que estão no terceiro ano do ensino médio no Japão. Ele perdeu a mãe quando era pequeno e, por isso, é bastante introvertido e tem dificuldades em se conectar com os outros. Filha do chefe do pai dele, ela permanece ao lado de Shin, sempre disposta a apoiá-lo. Em um momento inesperado, eles se deparam com suas versões alternativas de outros mundos, o que transforma suas vidas.
Em Mundos Paralelos, não demora muito para conhecermos a contraparte de cada um e a conexão vital que possuem, pois tudo o que acontece em um mundo afeta diretamente o outro, principalmente no caso de morte. Essa diferença entre realidades fica melhor definida quando vemos as diferentes facetas de um mesmo país, um moderno e semelhante ao atual, onde vive Shin, enquanto o Japão de seu sósia possui um aspecto futurista misturado com o período feudal.
Infelizmente, esse conceito não se desenvolve o suficiente e ainda divide espaço com momentos leves de romance. Desse modo, esse elemento desconexo acaba ocupando um espaço importante que poderia ser utilizado para abordar outros temas mais relevantes.
Outro problema é como o roteiro trata a progressão de certos acontecimentos, seja com pressa ou até certo descaso. Ameaças são substituídas e alianças são feitas de forma muito rápida, o que piora considerando como os personagens reagem a isso. É como se o absurdo fosse aceito praticamente com facilidade, quase como se fosse a coisa mais natural lidar com os conceitos apresentados e até mesmo ameaças tecnológicas.
Apesar disso, existem algumas qualidades técnicas. Com um estilo que reproduz o visual da animação tradicional em modelagem de computação gráfica, o anime traz uma evolução do cel shading, técnica que emprega contornos nítidos e uma paleta de cores vibrantes. O resultado é um efeito tridimensional que aparenta ser bidimensional, o que faz muita diferença em sequências de ação.
Na tentativa de ser inovador, Mundos Paralelos não consegue trabalhar outros gêneros como romance e drama em um filme com apenas alguns toques de ficção científica. Talvez a história fosse diferente caso houvesse mais foco no roteiro e tempo para desenvolvimento, algo que não ocorreu nesta realidade.
Ficha técnica:
- Ano de lançamento: 2019 (Japão), 2021 (Brasil)
- Gênero: drama, romance, ficção científica
- Duração: 1h33min
- Criador/Diretor: Yuuhei Sakuragi
- Estúdio: Craftar Studios
Assista ao trailer:
- Critica de Ingress: The Animation
- Artigo As Adaptações do Multiverso na Cultura Pop
- Confira outras críticas de animes
Fique por dentro das novidades!
Veja Também!