Tijolômetro – O Brutalista (2024):
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Na Sétima Arte, a forma como um filme expressa sua mensagem por vezes é mais relevante do que a mensagem em si. O Brutalista, dirigido e coescrito por Brady Corbet, é um ótimo exemplo dessa afirmação. Com 10 indicações ao Oscar em 2025, o épico pós-guerra estende-se por uma longa e cansativa jornada sustentado apenas por seu elenco e suas particularidades estéticas e técnicas.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o visionário arquiteto húngaro László Tóth (Adrien Brody) se refugia nos Estados Unidos em busca de reconstruir sua vida e a da esposa, Erzsébet (Felicity Jones). A oportunidade ideal surge quando o excêntrico industrial Harrison Van Buren (Guy Pearce) reconhece seu talento e o coloca à frente de um projeto ambicioso. Contudo, os verdadeiros obstáculos aparecem quando os lados pessoal e profissional de László entram em choque com os de seu empregador.
O primeiro detalhe importante sobre O Brutalista é que o longa não é a biografia de alguém que existiu. Porém, apesar dos personagens fictícios, a proposta do roteiro é mostrar o “Sonho Americano” sob o olhar de um imigrante tendo que encarar a dura realidade. Não é por acaso que isto faz um contraponto ao contexto político atual dos EUA governados por Trump e seu posicionamento com relação à imigração no país.
Outra peculiaridade da produção é a duração impressionante de 3h35min, o que levou os cinemas a adotarem um intervalo de 15 minutos durante as sessões. Essa estratégia se mostrou útil até mesmo para a trama do filme, que se divide nas partes um e dois, onde o foco da narrativa muda perceptivelmente de uma para outra. A primeira parte destaca-se pelo fato de mostrar o processo de adaptação do protagonista ao novo ambiente e sua forma de encarar as adversidades. Já a segunda prioriza os embates e relações interpessoais de László, especialmente com a esposa e o patrão; entretanto esse segmento perde força ao longo da projeção.
Ainda sobre a duração extensa, isso não seria um problema caso a história mantivesse um ritmo constante, mas alguns acréscimos desnecessários a tornam desinteressante e arrastada durante boa parte do tempo. Por outro lado, nota-se a ausência do que a Arquitetura – em particular o estilo brutalista que dá título à obra – significa para o personagem central. Infelizmente, isso é mencionado rápida e superficialmente apenas no epílogo feito às pressas.
Entre os pontos positivos de O Brutalista, o que chama atenção é confronto entre o campo das ideias e da criatividade e o poder e influência do dinheiro. De um lado, temos o trabalho artístico de László, por vezes incompreendido e subestimado; do outro, vemos a intromissão de Harrison que, pelo simples fato de ser o financiador americano do projeto e suposto admirador da Arte, acha que pode controlar e manipular a criação de Tóth, além do próprio arquiteto.
Em consequência, também vale o destaque para o elenco, a estética e os elementos técnicos. Mesmo com a polêmica do uso de IA para aperfeiçoar o sotaque, a atuação de Adrien Brody merece a indicação a Melhor Ator no Oscar, bem como seus companheiros de cena, Felicity Jones e Guy Pearce, para Melhor Atriz e Ator Coadjuvantes. Essas são apenas três das 10 indicações que incluem Melhor Filme, Direção e Roteiro Original, entre outras.
Apesar de esteticamente bem executado e com um conjunto de técnicas e atuações que o tornam uma produção feita para concorrer ao Oscar, O Brutalista falha em envolver os espectadores com seu conteúdo. Diferentemente de outros épicos como Oppenheimer, o trabalho do diretor Brady Corbet cai na armadilha das tramas muito longas e oscila a qualidade da narrativa até chegar a um resultado mediano.
Assista ao trailer:
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