Quando pensamos em ficção científica, logo nos vem à mente nomes como Isaac Asimov ou Arthur C. Clarke, escritores pioneiros que deixaram um legado para outros autores. Atualmente, um dos nomes que mais se destaca no gênero é o do chinês Cixin Liu, que recebeu diversos prêmios importantes com a trilogia iniciada em O Problema dos Três Corpos. O reconhecimento da obra foi tamanho que ela ganhou uma adaptação em série pela Netflix em 2024.
Neste primeiro volume, somos apresentados à Ye Wenjie, uma jovem astrofísica designada para trabalhar na base Costa Vermelha no final dos anos 1960. Ressentida com a morte de sua família durante a Revolução Cultural Chinesa, Wenjie mergulha de cabeça no trabalho e, mesmo sem saber, suas habilidades técnicas serão um fator decisivo para o futuro da humanidade. Décadas depois, o especialista em nanomateriais Wang Miao descobre o jogo Três Corpos e fica completamente envolvido em solucionar o problema de física que aquele mundo virtual propõe. Os caminhos de Wenjie e Miao se cruzam em uma rede de conspirações e segredos que ameaçam não apenas o planeta Terra, mas todo o universo.
O Problema dos Três Corpos é uma ficção científica hard, ou seja, um subgênero da ficção científica que preza pela pelos detalhes e precisão dos dados científicos apresentados, construindo sua trama com base em conceitos e tecnologias reais. Partindo desse ponto, a narrativa de Cixin Liu aborda questões filosóficas sobre o papel da humanidade no Universo e sua relação com possíveis formas de vida extraterrestres. O contexto político da China também fica evidenciado desde as revoluções da década de 60 até os dias atuais, considerando a influência que o governo tem sobre o avanço intelectual e tecnológico do país.
Tais características podem tornar a leitura um desafio para alguns leitores que não estão acostumados a esse tipo de ficção, pois nem sempre o autor irá se preocupar em explicar algum conceito relevante para o público leigo. Isso, aliado ao teor filosófico e político, comprometem o ritmo da leitura em alguns momentos, com capítulos monótonos e aparentemente sem importância.
Contudo, conforme as peças vão se encaixando e o grande desafio da trama se apresenta tanto para os personagens quanto para os leitores, as coisas começam a fazer sentido. Especialmente da segunda metade em diante, a leitura vai se tornando cada vez mais intrigante e surpreendente, com destaque para os capítulos que se passam dentro do jogo Três Corpos, onde o título da obra ganha significado e descobrimos as consequências terríveis do que realmente está para acontecer. A conclusão fornece um gancho impactante para o segundo volume, A Floresta Sombria, onde veremos o passo seguinte da humanidade nessa jornada.
O Problema dos Três Corpos é um livro desafiador e instigante que, mesmo aparentando não ter um propósito definido no começo, vai se desenvolvendo e expandindo até termos uma pequena dimensão das implicações que nos aguardam no futuro da trilogia. Não é à toa que Cixin Liu e sua obra recebem tanto reconhecimento dentro da literatura, especialmente na ficção científica.
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Assista ao trailer da série O Problema dos Três Corpos, da Netflix
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