Rob Zombie possuiu uma carreira na música e de tempos em tempos se aventura como diretor e roteirista de cinema. Seus trabalhos mais conhecidos são o remake de Halloween e seus filmes de terror originais. Dentre eles os mais famosos são A Casa dos 1000 Corpos e Rejeitados pelo Diabo, sendo que esses dois são continuações diretas respectivamente. Agora temos o fim desta trilogia, que é roteirizado e dirigido por Zombie.

Antes de continuar com essa crítica é preciso deixar uma coisa clara. Essa série de filmes tem como protagonistas uma família de psicopatas que matam pelo simples prazer de matar e sem nenhum motivo aparente. São a síntese da “violência pela violência”. Os próprios personagens adoram dizer o tempo todo o quanto eles são malucos e o quanto adoram matar e torturar inocentes aleatórios.

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Este filme é uma continuação direta de Rejeitados pelo Diabo e isso por si só já é um grande problema, pois neste filme eles são metralhados pela polícia no fim. Para seguir com o filme é preciso assumir que nenhuma das centenas de tiros foram fatais e todos eles sobreviveram a execução do longa antecessor. Isso já é um começo questionável para uma franquia de filmes que não possuiu nenhum caráter sobrenatural.

Rob Zombie é um diretor que tem conhecimento na técnica de filmar. Ele consegue criar imagens impactantes e geralmente possuiu fotografias bonitas em suas obras. Entretanto, como roteirista, ele não é tão bem sucedido e esse filme é um desastre nesse quesito. Não existe nenhum personagem minimamente interessante, nenhum diálogo instigante e uma história sem propósito do início ao fim.

Para começar Zombie tenta vender a ideia de que o público civil acredita que os psicopatas protagonistas são inocentes e mártires. O problema é que nos outros filmes fica estabelecido que todos sabem que eles são criminosos e ainda por cima perseguidos pela polícia a ponto de serem executados no fim do segundo filme. Não existe possibilidade nenhuma do público acreditar na inocência deles e os próprios personagens nem tentam disfarçar sua culpa. Claramente o diretor/roteirista está desesperadamente tentando emular Assassinos por Natureza sem saber sobre o que esse filme se trata.

Mas o que destrói esse filme é a personagem Baby, interpretada por Sheri Moon Zombie. Ela acaba tomando esse filme como personagem principal. Baby é uma cópia descarada de Arlequina. Uma maluca (de forma mais genérica possível) que faz voz fina e faz poses sexys a cada segundo de tela. Sua atuação reúne todos os clichês que se possa imaginar para interpretar um psicopata. Ela, como personagem, é um rascunho de uma fantasia sexual juvenil de um rapaz gótico que quer mostrar o quanto ele é badboy. Sua atuação é tão irritante que em dados momentos é difícil olhar para tela tamanho que é o constrangimento.

Em dado momento os personagens vão para o México e temos um compilado de todos os clichês e preconceitos imagináveis sobre mexicanos e o país em si. Além de cenas absurdas onde mexicanas (no México) falam em inglês entre si, mas por algum motivo só falam algumas palavras em espanhol.

O pior é que no fim do filme percebemos que Rob Zombie realmente acha que esses personagens são divertidos, agradáveis, descolados e que nós devemos torcer por eles quando estão em perigo. Devemos torcer para que eles continuem gritando, esperneando e torturando inocentes e que fiquemos bravos quando alguém tenta impedir que eles façam isso. Mas ele como contador da história nem ao menos se esforça para criar alguma narrativa que nos faça torcer pelos vilões.

Mas para piorar esse é um filme chato onde em boa parte dele nada acontece e Baby fica pulando e fazendo voz de criança enquanto tenta ser sexy para qualquer homem que esteja a sua volta. Um filme que parece não ter propósito de existir além de satisfazer fantasias e assuntos obsessivos de Zombie como artista.

Um filme que tenta ser chocante e agressivo, mas ao forçar isso acaba, de tal forma, sendo constrangedor e maçante.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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