Aviso: o texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Pacificador
Quem assistiu O Esquadrão Suicida de 2021 e viu o Pacificador em ação provavelmente deve ter pensado, assim como eu: por que fazer uma série focada no cara mais cuzão do filme?! Era melhor ter feito uma sobre o Milton (R.I.P.). Porém, por mais que o personagem de John Cena divida opiniões no longa, seu programa solo chega para trazer a redenção do anti-herói da forma mais absurda e divertida possível.
A pegada zoeira da série comandada por James Gunn fica escancarada logo na abertura. Ao som de Do Ya Wanna Taste It, da banda Wig Wam, o elenco aparece fazendo uma coreografia que deixaria até Peter Quill com vergonha alheia. Ao mesmo tempo, isso é algo tão inusitado e engraçado que simplesmente fica impossível pular a abertura (se você faz isso, aposto que você é um bebê de bunda).
A trama em si mostra Christopher Smith, o Pacificador, se recuperando dos acontecimentos de Esquadrão quando é chamado para combater – secretamente – uma invasão de borboletas alienígenas assassinas (sim, é isso mesmo que você leu) junto com a equipe formada por Leota (Danielle Brooks), Harcourt (Jennifer Holland), Economos (Steve Agee) e Murn (Chukwudi Iwuji), além do Vigilante (Freddie Stroma), que ninguém convidou mas que entrou no time mesmo assim porque ele é foda.
Julgando pela interação inicial do grupo, o roteiro parece se encaminhar para o clichê de personagens rasos e cômicos, cujas características principais são o humor politicamente incorreto e o besteirol. Contudo, ao longo dos episódios vamos descobrindo mais sobre eles e que por baixo de todas as merdas que fazem e falam, todos têm boas motivações, nem que seja para pintar a barba com tinta vagabunda.
Obviamente, o protagonista é o mais explorado nesse sentido. Depois de vermos como era sua relação com o pai – o supremacista Auggie Smith (Robert Patrick), também conhecido como Dragão Branco – passamos a enxergar o Pacificador com outros olhos. Mesmo tendo sido criado por um escroto que obrigava os dois filhos a saírem na porrada entre si por dinheiro, o senso de justiça de Chris se desenvolveu bem; sem contar que a culpa que ele carrega pela morte do irmão moldou sua visão de obter paz a qualquer custo.
O drama dos personagens se combina com a insanidade e o humor ácido, resultando em um equilíbrio difícil de se ver hoje em dia, especialmente em produções sobre heróis, fato que só comprova a competência de Gunn. E para minha surpresa, John Cena manda bem na atuação em vários momentos.
O oitavo e último episódio conclui a temporada de forma sensacional com direito a participações especiais e muita zoação pra cima dos heróis da Liga da Justiça. A balança entre humor e drama se mantém equilibrada e dá uma prévia do que poderemos esperar na segunda temporada com Chris sendo atormentado por ter matado o próprio pai e Leota se opondo à mãe, Amanda Waller (Viola Davis).
Pacificador sem dúvida surpreende ao pegar um babaca e mostrar que ele não é tão babaca assim. Com o comando certo e o elenco ideal, até mesmo um personagem odiado pode se tornar querido e popular entre os fãs dos heróis (chupa Marvel).
Assista ao trailer:
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Pacificador 1ª temporada
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