Pinóquio (2022) | Crítica

Curiosamente estamos tendo várias versões da história do Pinóquio sendo levadas para o cinema recentemente. Em 2019 tivemos uma versão italiana e ainda esse ano teremos uma animação co-dirigida por Guilherme del Toro. A versão da Disney segue a cartilha recente de refazer as animações clássicas em formato live action. Esse filme foi lançado diretamente para o serviço de streaming, apesar de contar com alguns nomes de peso associados ao projeto.

Robert Zemeckis está dirigindo, além de participar da readaptação do roteiro junto com Chris Weitz, que em seu currículo possuiu Rogue One. Apesar de recentemente Zemeckis não estar entregando grandes filmes no calibre dos clássicos que ele tem em seu histórico, sua direção sempre é interessante de se ver. Gepetto é vivido por Tom Hanks e Jiminy Cricket possuiu a voz de Joseph Gordon-Levitt.

O que mais chama atenção no primeiro momento é a estética do filme. Cores vibrantes e uma ambientação levemente anacrônica que permite mergulhar neste mundo fantasioso. Entretanto não existem grandes mudanças nos designs dos personagens originais da animação. O que mais muda são alguns pontos do roteiro e principalmente algumas ressignificações, o que já é muito mais do que a maioria dos remakes da Disney que não possuem originalidade nenhuma e simplesmente botam um filtro de Instagram “realista” em cima da animação original.

Para contar a história do Pinóquio para o público de 2022 é fundamental algumas mudanças, já que a trama original Carlo Collodi, o autor do livro onde se originou o personagem, passa lições de moral que não cabem muito para a realidade atual. Pinóquio é ensinado a nunca questionar seus superiores e é punido de maneira desproporcional a cada erro ingênuo que comete além de ter que provar sua própria existência o tempo todo. Este remake da Disney parece perceber esses problemas e altera detalhes importantes da trama para que possamos nos conectar com os personagens, e suas aventuras, através das nossas sensibilidades contemporâneas.

Mas ainda assim este filme possuiu alguns problemas. A passagem de tempo é confusa e a lógica interna de funcionamento deste mundo de contos é igualmente confusa. Determinados conflitos são resolvidos com uma simplicidade boba que tira muito do peso da tensão. O clímax do terceiro ato está muito aquém do seu verdadeiro potencial. Voltando a mensagem, ela ainda possuiu alguns problemas e por vezes pode soar excessivamente moralista, o que é a natureza do livro original.

De todos os remakes da Disney acho que esse é um os mais honestos. Com toda certeza não quer se afastar da animação original, mas ainda tem algo de novo para mostrar. Acredito que a ideia de lançar esse projeto diretamente para o streaming é o local perfeito. É justamente aquele tipo de filme que facilmente você assiste em casa, mas dificilmente iria para o cinema para conferir.