A leitura de obras nacionais este ano começou com o pé direito! Cerberus – A Ascensão da Trindade, do escritor Jefferson Lessa, é uma grata surpresa para os fãs de fantasia urbana. Misturando elementos sobrenaturais e ficção científica, a obra nos apresenta a um grupo improvável cuja missão é impedir o apocalipse iminente.
Após uma ogiva nuclear ser detonada no leste europeu, o mundo mergulha no caos. A guerra subsequente, contudo, não se dá apenas entre os homens. Com a explosão, o tecido que separa a nossa realidade dos outros planos de existência também é abalado, trazendo à tona todas as criaturas que até então só existiam nos pesadelos. Cabe ao arrogante ocultista Enzo Giovanni lidar com o problema. Porém, devido à sua má fama entre as organizações secretas, sua única opção é recrutar Átila, um demonologista com dons especiais, e Elise, uma cyborg especialista em tecnologia, para auxiliá-lo. Assim nasce a Cerberus.
A primeira coisa que chama a atenção na trama é sua ambientação em espaços urbanos. Isso não é um fato inédito, como já vimos em A Batalha do Apocalipse e Deuses Caídos. Contudo, diferente das obras anteriores, tudo acontece a olhos vistos e não apenas no submundo. Graças a isso, podemos ver batalhas em cenários famosos e pontos turísticos, sem contar todas as referências à cultura pop presentes ao longo das páginas. A narrativa vai desde locais célebres do cinema ao reino sombrio de Lovecraft, usando-os de forma criativa para embasar o próprio enredo.
Outro ponto que torna a leitura atraente é a formação da trindade. Em qualquer lugar, quando juntamos pessoas diferentes umas das outras, sempre há alguns desentendimentos (até os Vingadores passaram por isso). No caso da Cerberus isso acontece principalmente pela soberba de Enzo e seus interesses ocultos, mesmo que ele seja muito inteligente e habilidoso. Átila, por outro lado, parece mal-encarado a princípio e mantém seus próprios segredos; já Elise é a personagem mais cativante, tanto pelo seu poder quanto por sua perspicácia. A cyborg é a responsável pela maioria dos momentos de humor, mas também impressiona nas lutas.
Nesse quesito Cerberus se destaca, pois a ação e o dinamismo das cenas são descritos com fluidez, criando imagens claras e de tirar o fôlego. Isso deixa claro o cuidado com o qual o livro foi produzido, se valendo de descrições elaboradas e diálogos ágeis que facilitam a vida dos leitores e deixam a obra gostosa de se ler.
Por ser o primeiro volume de uma trilogia, Cerberus – A Ascensão da Trindade conclui o primeiro ato, entretanto faz um gancho para a sequência e propositalmente deixa algumas questões sem resposta. Isso só aumenta a nossa curiosidade e o desejo de continuar na companhia de personagens e lugares tão envolventes.
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