Atualmente é possível afirmar que a literatura têm “conversado” mais diretamente com o jovem. E O Reino das vozes que não se calam com certeza é um exemplo disso. Escrito por Carolina Munhóz em parceria inédita com a atriz e cantora Sophia Abrahão, o livro consegue unir elementos fantásticos e realidade de forma equilibrada. Tudo começa com Sophie, uma garota que se esconde de todos, inclusive de si mesma: insegura, não consegue enxergar sua beleza e talento, e sente dificuldade em se relacionar com os outros. Seu dia a dia se perde entre os caminhos tortuosos dos que convivem com a depressão e o bullying e a jovem aos poucos vai se fechando na escuridão de seus pensamentos. Desamparada e sem coragem de lidar com seus problemas, ela acaba descobrindo um lugar mágico: um reino onde as vozes não se calam e as criaturas encantadas se tornam reais. Um local colorido onde ela finalmente poderá se encontrar.
Um detalhe que merece ser ressaltado neste livro é a semelhança da trama com Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carol, entre outras referências interessantes. Se em O Inverno das Fadas, a escritora Carolina Munhóz consegue homenagear grandes nomes da cultura pop de forma direta (nos títulos de cada capítulo) e indireta (nomes e características de personagens) aqui ela faz quase um remake da obra de Lewis ao mesmo tempo em que cria algo inteiramente novo, mas sem perder a necessidade de aproximar os personagens do seu público através de citações de obras recentes como Harry Potter, por exemplo.
O mais curioso disso tudo em O Reino das Vozes que não se Calam é como esse aspecto referencial dialoga com temas atuais como bullying, anonimato virtual, depressão e anorexia. Particularmente, chega a ser impossível não associar este aspecto com outra obra recente, nesse caso o livro As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky que também trata de forma simples e sensível problemas da adolescência ao mostrar o mundo pelos olhos de quem lida com isso diariamente.
No entanto, o lado fantástico da trama traz um diferencial que é representar desejos e anseios da jovem Sophie em relação ao mundo real. De certo modo, e sem querer entregar muito sobre um dos grandes méritos do livro, somos levados a questionar durante boa parte da leitura sobre o que realmente está acontecendo de verdade. Também somos apresentados a um mundo cheio de seres mágicos onde obviamente certas leis de tempo e espaço não se aplicam. E é nesse contexto que a história se desenvolve como uma grande metáfora sobre aceitação e liberdade individual.
Adicione este livro à sua estante!
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