O cyberpunk nacional ganhou mais um representante com o livro Filhos do Homem, do autor Wallace Oliveira. A trama é um misto de ficção científica com fantasia urbana onde a tecnologia avançada contrasta com a péssima qualidade de vida da maioria da população enquanto uma minoria privilegiada detém o poder.
A trama se passa em 2420 e a Terra encontra-se devastada após uma série de acontecimentos catastróficos. A população se aglomera em construções verticais conhecidas como Centrich, onde as pessoas são divididas em anéis de acordo com sua classe social. Galen, um mercenário que mora no Anel Cinco, vê-se obrigado a liderar uma equipe de estranhos em um trabalho extremamente difícil. Porém, os problemas pessoais de cada membro começam a desviar o foco da missão e colocam suas vidas em risco antes do previsto.
Algo que chama a atenção é o fato de que a história é povoada por criaturas fantásticas conhecidas de outros gêneros: humanos, ciborgues, orcs, elfos, anjos e outras criaturas, todas convivendo no mesmo ambiente e inseridas dentro dessa atmosfera cyberpunk. Cada raça tem a sua peculiaridade mantida, mas é interessante ver as diferentes formas com que elas interagem com a tecnologia.
No que diz respeito à ambientação de Filhos do Homem, Wallace fez um ótimo trabalho ao convencer o leitor de que aquela sociedade depende de artefatos tecnológicos, mas sem significar que a vida seja mais fácil por conta disso. Os cenários são opressores e contrastantes com a modernidade das máquinas, há muita desigualdade e pessoas à margem da lei. Essa característica social remete à série Altered Carbon e outras obras que seguem esse mesmo gênero ficcional.
Outro ponto positivo é que há muitas cenas de ação criativas, com inimigos perigosos e armas letais. A descrição desses momentos consegue prender o leitor e deixá-lo curioso a respeito do que irá acontecer a seguir. Além disso, o nível de violência apresentado é condizente com o que é proposto pelo livro.
Entretanto o autor peca nas descrições dos personagens. Tanto as características físicas como as roupas que eles usam são listadas todas de uma vez, o que gera um excesso de informação. Seria melhor se essas descrições fossem dadas aos poucos entre uma ação e outra. O segundo fato que desagrada é um súbito sentimentalismo que brota nos vilões em um momento decisivo. De certa forma isso diminui aquela sensação de inimigos implacáveis e tira um pouco de peso dessas figuras.
Vale lembrar que este é o primeiro volume de uma saga, o que justifica o final que deixa algumas questões sem respostas. Assim, Filhos do Homem é um livro que contribui para o cyberpunk brasileiro e se destaca por incluir outras criaturas que não são tão comuns dentro desse nicho literário.
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