Woddy Allen lança um filme todo ano e raramente falha. E mesmo com essa produção intensa ele consegue manter um nível de qualidade bem interessante. Mesmo tendo um estilo muito bem definido, ele continua criando boas histórias, dentro do universo em que lhe é confortável. Roda Gigante ao mesmo tempo em que é um típico filme do Woddy Allen, também consegue ser bem diferente do que estamos tipicamente acostumados quando vamos ao cinema para ver um de seus trabalhos.
Um casal que trabalha no parque temático em Coney Island nos anos cinquenta tem sua vida abalada com a volta da filha de outro casamento do senhor Humpty que está sendo procurada pela máfia. Ao mesmo tempo o salva-vidas da praia parece começar a se envolver com essa família e tornando os dramas muito mais complexos.
Tanto o roteiro quanto a direção estão por conta do Woddy Allen, algo que não é uma novidade. Digo que esse é um filme que consegue ser diferente e muito parecido com outros filmes do diretor por uma série de motivos. As semelhanças é que temos muitos personagens intelectualmente dotados e que possuem diversas conversas sobre temas culturais, no caso o teatro é uma grande questão neste filme e algumas estruturas do filme brincam com essa outra forma de arte.
Justin Timberlake faz o típico protagonista masculino dos filmes de Allen. Um escritor, acadêmico e com um fraco por mulheres. Seu trabalho de atuação é ótimo e realmente faz uma figura inteligente, expressiva e cheia de detalhes divertidos. Possui a função de falar diretamente com a câmera e de certa forma narrar alguns eventos. Em contra partida, Humpty é o oposto completo; um homem comum, meio grosseiro, e bastante simplório em seu jeito de lidar com a vida. Também brilhantemente interpretado por Jim Belushi.
No meio do caminho temos Ginny que possui interesses artísticos e teatrais, mas vive uma vida simplória de uma garçonete num local decadente. De certa forma é ela que protagoniza o filme, apesar de ser o personagem de Timberlake a narrar em primeira pessoa. Personagem interpretada por Kate Winslet é talvez a mais interessante e verdadeiramente complexa deste filme. Um baita papel e uma baita personagem que é cheia de problemas, questões e não chega a ser um arquétipo de nada.
O uso de luzes deste filme é incrível. Woddy Allen realmente anda caprichando recentemente no visual de seus longas. Ele sempre foi bom nisso, mas recentemente parece estar um pouco mais refinado. Em Roda Gigante ele aproveita bem a beleza natural das praias e dos parques temáticos dos anos 50. A iluminação é um grande exemplo. Muito neon, cores fortes e saturadas para exemplificar momentos emocionais dos personagens.
O roteiro é interessante. Mesmo trabalhando com algumas coisas clichês (como o triangulo amoroso), ele faz tudo de forma interessante e realmente densa. Um dos poucos filmes do Allen que é um drama, apesar dele mostrar essa história de forma mais leve, essa efetivamente é uma história bastante dramática. Os únicos problemas apontáveis nesse quesito é a falta de pontuação no final do filme e o personagem que é filho de Ginny que, apesar de modificar o rumo da história, não possui um arco de personagem ou qualquer coisa do gênero, dando uma sensação de algo faltando. Parece que o roteiro não quer aproveitar o grande clímax que ele mesmo criou.
Mais um filme interessante e até um pouco diferente do habitual: uma família pobre e com conflitos muito mais profundos do que meros relacionamentos amorosos em cidades “cartão postal”, com diálogos rebuscados sobre arte. O filme tem tudo isso, mas vai um pouco além.
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