Tijolômetro – Silvio (2024):
As cinebiografias sempre ocuparam um espaço especial no cinema brasileiro, adaptando histórias de personalidades históricas e ícones da música em produções geralmente emocionantes, embora não isentas de falhas. Nesse contexto, Silvio se destaca como uma exceção, apresentando uma narrativa confusa e cansativa, acertando apenas em detalhes isolados.
O longa retrata a vida do comunicador Silvio Santos (Rodrigo Faro) durante um momento marcante: o sequestro e a invasão de sua casa, onde ele foi mantido refém por sete horas. Durante essa situação, ele reflete sobre sua trajetória profissional, desde o início humilde, quando começou a trabalhar aos 14 anos como vendedor ambulante, até se tornar o dono de uma das maiores emissoras do país.
O primeiro ponto negativo de Silvio está na forma como a história é contada. Inicialmente, vemos a famosa entrevista coletiva na mansão do apresentador após sua filha, Patrícia Abravanel (Polliana Aleixo), ter sido mantida em cativeiro. Em seguida, um corte abrupto introduz o sequestrador Fernando Dutra (Johnnas Oliva) sendo perseguido por um grupo de policiais civis. É como se o roteiro de Newton Cannito e Anderson Almeida partisse do pressuposto de que todos os espectadores já conhecem os fatos ocorridos há 23 anos.
Outro problema desse início é o tom da trama. Propositalmente ou não, a montagem une esses dois acontecimentos e cria a ideia de um suspense policial misturado com drama biográfico, mas sem encontrar um equilíbrio ou uma identidade narrativa clara. Como se isso não bastasse, o excesso de flashbacks do protagonista contribui ainda mais para esse desequilíbrio entre gêneros.
Infelizmente, a atuação de Rodrigo Faro em Silvio não compensa esses defeitos. Sua performance é marcada por um olhar preocupado, alguns maneirismos vocais e entonações em determinadas palavras, o que acaba parecendo uma imitação superficial do “Homem do Baú.” O mesmo se aplica à caracterização, que, com o uso evidente de peruca e rugas artificiais, acaba distanciando ainda mais Rodrigo Faro da imagem do verdadeiro Silvio Santos.
Apesar disso, as cenas de diálogo com o sequestrador são boas. De forma fria e calculista, Silvio conduz com facilidade seu antagonista e até mesmo a polícia em alguns momentos. Infelizmente, esses momentos ocorrem “nos acréscimos,” ou seja, tarde demais.
Narrativamente confuso e pouco atrativo, Silvio, dirigido por Marcelo Antunez, chegou aos cinemas pouco tempo após a morte de Silvio Santos. Se a intenção era prestar uma homenagem enquanto se contava uma história intrigante de ação, o objetivo ficou longe de ser alcançado.
Assista ao trailer:
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