Tijolômetro ‐ Stella: Vítima e Culpada

Não é apenas Hollywood que está investindo nas cinebiografias. O cinema alemão também tem o seu mais novo representante no gênero com Stella: Vítima e Culpada. Entre erros e acertos, o diretor e co-roteirista Kilian Riedhof se vale de um período histórico sombrio — com significados ainda mais profundos para a Alemanha — para recontar a trajetória de uma figura cercada de polêmicas.
A trama nos apresenta à Stella Goldschlag (Paula Beer), uma judia alemã que sonha em seguir carreira como cantora de jazz. Porém sua vida muda completamente durante a Segunda Guerra Mundial quando ela e sua família precisam se esconder dos nazistas. Após ser capturada e torturada pela Gestapo, Stella aceita uma proposta para não ser enviada para Auschwitz junto com os pais: ajudar a polícia a capturar outros judeus.
Diferente de outras obras como Zona de Interesse (2023) e O Menino do Pijama Listrado, Stella: Vítima e Culpada não retrata apenas o lado sofredor do povo judeu durante a guerra. Aqui também vemos outro ponto de vista: aqueles que traem seus semelhantes na busca de obter benefícios e salvar a própria pele.
Contudo, a direção opta por deixar a protagonista do longa como uma figura ambígua. Desde o início, percebemos o caráter questionável de Stella, sua ambição e seu sentimento de superioridade em relação aos outros judeus. Ainda assim, a ameaça e a tortura se tornam justificativas para as ações da personagem que, pelo menos no início, resiste em delatar e entregar outras pessoas para a morte.
Os problemas da produção começam quando saltos temporais são usados repetidas vezes para acelerar os acontecimentos. Além da quebra de ritmo que esse recurso mal utilizado causa, há também o fato de que informações importantes deixam de ser transmitidas e exploradas. As lacunas deixadas exigem que os espectadores tenham conhecimento prévio de alguns detalhes desse período histórico para que consigam se situar dentro do contexto, especialmente próximo ao desfecho.
Entre os pontos positivos estão a ambientação e caracterização dos personagens e, principalmente, a atuação de Paula Beer. A atriz consegue transparecer a dualidade da protagonista, provocando uma transição de empatia para repulsa à medida que seus atos condenam cada vez mais inocentes.
Stella: Vítima e Culpada peca como cinebiografia ao narrar a história de uma personagem tão polêmica através de recortes mal conectados entre si. Por outro lado, consegue o efeito desejado ao apresentar as contradições de uma pessoa ambiciosa que está fazendo algo ruim só porque supostamente não tem outra escolha.
Assista ao trailer:
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