É impressionante como o anime como obra em geral consegue fazer de qualquer tema algo interessante. Temos desde os clássicos robôs gigantes, artes-marciais, mitologias em geral até dia-a-dia de um costureiro ou a prática de esportes como tênis e volêi. O anime consegue extrair de cada tema seu “mojo” e suas características intrínsecas e construir uma narrativa em cima disto. Quando se trata do tema “isekai” temos toda uma nova gama de possibilidades baseando-se em mundo paralelo em que nosso protagonista é de alguma forma trasportado/invocado.
That Time I Got Reincarnated as a Slime eleva esse dom dos animes, pois consegue criar uma história em que um executivo ao morrer se sacrificando é reencarnado em um novo mundo de fantasia como um “slime” (como o próprio nome diz). Sim, uma das criaturas mais fracas do universo de fantasia e talvez a menos interessante de ser protagonista de uma história de todos os tempos. E mesmo assim o anime consegue ser muito interessante, trazendo não só um mundo novo, com criaturas mágicas e fantásticas com suas tramas, como também questões e debates políticos, com a criação de uma nova nação organizada de monstros e uma nova ordem de poderes neste mundo.
TenSura (como o anime é carinhosamente apelidado) acompanha este slime que ganha o nome de Rimuru Tempest (no anime ganhar nomes tem toda uma propriedade de poderes) e toda a sua saga que vai da ingenuidade de criar um local seguro e pacífico para que criaturas mágicas possam viver em harmonia até um grande debate e conflito de poder geopolítico deste mundo fantástico envolvendo reinos de diferentes espécies, a igreja, e os lordes demônios. E o anime não se isenta de trazer tais debates e planejamentos políticos para a tela, destinando bons episódios e muito tempo de tela para tal. O que pode deixar os menos interessados no tema um pouco desligados, mas por outro lado quem gosta deste tipo de embate se delicia com as problemáticas políticas que acontecem.
Mas TenSura não é só sobre política, também temos as tradicionais lutas que trazem os embates de magias, de espada, de arte-marcial, da simples emanação de poder bruto, etc. e evolui até estratégias de guerra, espólio e aliança e dominação de uma raça. As lutas não ficam só nelas, o anime trata tudo como um ato político (mesmo não sendo a intenção do personagem em si) e tudo o que acontece tem uma consequência. Ao longo dos episódios tais acontecimentos vão ganhando mais relevância com o crescimento e evoluções dos personagens, inclusive de Rimuru que passa a ser uma das criaturas mais poderosas deste mundo mesmo sendo um simples slime.
Como neste mundo tudo tem consequência, todo este poder que Rimuru tem faz com que ele tenha que lidar com seu potêncial de influência neste mundo, sabendo que seus atos podem acarretar na vida ou morte de seus seguidores. E temos provas disto ao longo dos episódios e do desenrolar da história, onde chegamos ao ponto de se colocar na balança a vida de 20 mil humanos para reestabelecer não só as vidas perdidas dentro da nação de Rimuru, como também uma nova evolução para o personagem que o colocaria em um novo patamar. E tudo isso acontece num simples anime de “slime”.
That Time I Got Reincarnated as a Slime é uma boa dica para você que curte o estilo “isekai” que está se provando uma das mais bem-sucedidas fórmulas de anime da atualidade. O anime conta com 48 episódios até o momento e duas temporadas. Seu último episódio lançado foi transmitido em setembro de 2021 (pela Crunchyroll) e há indícios fortes uma terceira temporada que há de se confirmar em 2022, mesmo ano que Tensura ganhará um filme na temporada de outono.
That Time i Got Reincarnated as a Slime
-
Nota