Tico e Teco: Defensores da Lei foi um desenho animado para a TV que foi ao ar entre 1988 e 1990. As histórias acompanhavam os personagens Tico e Teco resolvendo crimes numa mistura de aventuras estilo Indiana Jones com agência de detetives. O programa é um exemplo clássico dos desenhos animados da Disney naquele período, a definição do “desenho de sábado de manhã”. Agora temos um filme onde os dois personagens retornam, numa espécie de continuação direta da série de TV, mas não exatamente.
O que mais surpreende é a proposta do filme, que parece querer ser um sucessor espiritual de Uma Cilada para Roger Rabbit (que, aliás, até faz uma aparição rápida). Na história temos um universo onde desenhos animados convivem com pessoas comuns e as animações que assistimos na TV nada mais são do que atores interpretando papéis, e quando o desenho acaba eles podem ir fazer outras coisas (desde outro programa até um emprego completamente mundano). Esteticamente falando Tico e Teco: Defensores da Lei lembra muito O Incrível Mundo de Gumball onde todos os estilos de animações possíveis coexistem na tela, podendo ser desde uma meia fantoche até um CGI de última tecnologia.
A trama se desenvolve quando Tico e Teco precisam se reaproximar, depois de anos distantes após o fim do seu programa de TV, para resgatar um amigo em comum que foi sequestrado. Essa comédia de aventura se apoia muito no humor de referência, e é um verdadeiro deleite para os fãs de animação, já que vemos diversos personagens animados famosos interagindo, muitos da Disney, mas também de outras produtoras e estúdios. Na verdade, eu nem sei como isso foi possível, já que temos aparições rápidas de diversas propriedades intelectuais que não pertencem a Disney, incluindo de suas “competidoras” no mundo da animação.
Além da comédia de referência, que é feita com excelência e sagacidade, temos um tom um pouco mais cínico e, por vezes, até adulto em alguns momentos. Assim como Uma Cilada para Roger Rabbit o mundo de Hollywood é colocado como uma espécie de vilão. Nunca imaginei que a Disney se colocaria nesse papel no seu próprio filme, além da tiração de sarro com a super comercialização de franquias e reboots.
A dupla de roteiristas Dan Gregor e Doug Mand, que já trabalharam juntos em How I Met Your Mother, fizeram um trabalho incrível com esse roteiro. O único problema a ser apontado é que na estrutura da trama em si existem alguns clichês e lugares comuns que se destacam negativamente, principalmente num filme onde todo o resto é muito mais esperto e inovador do que a média. A direção é assinada por Akiva Schaffer que trabalhou muitíssimo bem com a mistura de live action com animação, além de todos os diferentes tipos de animação que precisam compartilhar a mesma tela ao mesmo tempo.
Tico e Teco: Defensores da Lei se mostrou ser um filme muito acima da média. Acaba funcionando como um Raio-X do mundo das animações atuais, onde podemos ver a Disney se auto parodiando. É impressionante ver tantos personagens na tela, numa versão reduzida do que vimos em Jogador Número 1. Dificilmente você não vai se divertir com essa história e para as crianças ela pode parecer bem mais adulta comparada com os demais materiais da própria Disney. Talvez esse filme funcione até melhor com um público um pouco mais velho que cresceu com as animações dos anos 90.
Tico e Teco: Defensores da Lei
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Nota